Fora da disputa presidencial, Doria continua alvo na campanha estadual
Banco Central do Brasil
Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
Sunday, May 29, 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central
Click here to open the image
Autor: ADRIANA FERRAZ
O ex-governador João Doria (PSDB) saiu da disputa
presidencial, mas não da campanha. Ao menos em São
Paulo, as posições políticas e o modo de governar do
tucano seguem presentes no debate eleitoral,
especialmente nas falas dos principais adversários do
atual governador Rodrigo Garcia (PSDB), que até aqui
tem procurado esconder como chegou ao cargo. Mas,
se a desistência em concorrer ao Palácio do Planalto
facilita a estratégia de Garcia de se descolar de Doria,
também dá munição a Fernando Haddad (PT), Tarcísio
de Freitas (Republicanos) e Márcio França (PSB) em
suas tentativas de chegar ao Palácio dos Bandeirantes.
Apesar de disputarem contra Garcia, é na figura de
Doria que os três centralizam suas críticas. Parte da
explicação está nas pesquisas, segundo o cientista
político Marco Antonio Teixeira, da FGV-SP. A última,
divulgada nesta semana pelo Ipespe, com Doria ainda
como candidato ao Planalto, mostrou que seu Índice de
rejeição chegava a 53%. No mês passado, outro
levantamento, feito pelo Datafolha, apontou que o
tucano deixou o governo com 23% de aprovação e 36%
de reprovação.
'Essa rejeição se tornou um obstáculo à sua ação
político eleitoral', disse Teixeira. 'Em 2020, Bruno Covas
também o evitou na campanha e agora Garcia elogia a
senadora Simone Tebet. ' Ao Estadão, Garcia afirmou,
antes da desistência do ex-governador, que Simone
pode representar a terceira via em outubro e se disse
diferente do antecessor. 'Fui vice do Doria. Um é
diferente do outro. '
Líder das pesquisas de intenção de voto para o governo
estadual, Haddad tem trabalhado para nacionalizar o
debate, atribuindo a Doria e Bolsonaro os efeitos da
crise no bolso do paulista. 'O governo estadual e o
governo federal passaram quatro anos brigando e quem
pagou o pato foram os paulistas, com mais inflação,
desemprego e pobreza', escreveu o petista nas redes
sociais.
Outra estratégia da campanha de Haddad é não deixar
cair no esquecimento a expressão 'Bolsodoria', cunhada
pelo próprio tucano. O petista cita dados econômicos
para ressaltar que ambos eram aliados nas eleições de
- 'Com o mesmo valor que se comprava carne há
cinco anos, hoje a gente só leva cenoura. O paulista
está pagando o pedágio do Doria e a gasolina do
Bolsonaro embutidos na comida', repete Haddad em
eventos públicos. LEALDADE. Derrotado pelo tucano
em 2018, Márcio França usou as redes sociais para
tripudiar sobre a desistência do adversário. 'Tenho
pena, porque não desejo mal a ninguém. Mas esse é o
fim inevitável, com muita solidão e melancolia, detodos
ostraidores: a traição e o esquecimento', disse o ex-
governador, que defende a chapa Lula-Alckmin.
Assim como fez há quatro anos, França foca sua pré-
campanha em alguns pilares que diz seguir na vida
pública, como a lealdade e a capacidade de dialogar.
Ambas características que afirma não enxergar em
Doria desde que o tucano passou de aliado a adversário
até 2018, ambos eram do mesmo grupo em São Paulo.
A parceria se desfez quando Doria renunciou ao cargo
de prefeito para disputar com França o governo sem o