Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-29)

(Antfer) #1
José Roberto Mendonça de Barros - "Cresce o risco de uma recessão
global

Banco Central do Brasil

Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
Sunday, May 29, 2022
Banco Central - Perfil 1 - Bitcoins

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A insistência das autoridades na política de 'covid zero'
vem mostrando custos crescentes para a sociedade e
para a economia chinesa. A maior parte dos analistas
projeta, hoje, um crescimento de 4% ou menos para
este ano.


A guerra na Ucrânia está muito mais longa do que se
imaginava e com riscos crescentes de atritos maiores
com a Otan. Com o bloqueio dos portos ucranianos,
mais de 20 milhões de toneladas de grãos não
conseguem ser exportadas, o que levanta o espectro de
uma grave crise alimentar em países do Oriente Médio,
do norte da África e da Ásia. Este risco é acentuado
porque mais de 20 países já colocaram restrições às
exportações de alimentos.


Como lembrou nesses dias Fatih Birol, diretor executivo
da Agência Internacional de Energia, a crise atual não é
de petróleo, mas de energia, abarcando petróleo, gás
natural e carvão. A consequente alta de preços
continuará afetando severamente a atividade
econômica, e ainda vai demorar até ser encaminhada.


Os problemas no suprimento de energia, alimentos,
componentes industriais e outras matérias-primas
acabaram produzindo uma inflação que os países
ocidentais não viam há muito tempo: nos últimos 12
meses, os preços ao consumidor subiram 9% na
Inglaterra, 8,2% nos EUA, 7,4% na Zona do Euro e
6,8% no Canadá.

Em consequência, os bancos centrais do mundo todo
começaram ou vão começar brevemente, como no caso
do BCE, a elevar os juros de forma relevante, o que já
está impactando as expectativas e os mercados
financeiros.

Por exemplo, nos EUA, por volta do dia 20 passado, o
custo de uma hipoteca de 30 anos havia subido para
5,25%. Nos mercados de crédito, os papéis de médio
risco, classificados como BBB, já estavam em 1,94% e
os papéis de alto risco (High Yield), próximos de 5%. E
estamos falando aqui do início da trajetória de elevação
da taxa básica do Fed que ainda poderá ir até 3,5%.

O aperto da política monetária vai levar à redução da
atividade econômica por pelo menos três caminhos,
como é usual: piora das expectativas, deterioração das
condições financeiras (e por aí até insolvências e o
mercado de trabalho) e perda de riqueza decorrente da
queda de valor dos ativos de maior risco, já em pleno
andamento.

Entre o começo do ano e o dia 25 de maio, as ações da
Nasdaq (onde se concentram as empresas de
tecnologia) haviam caído 28% e a bitcoin (a mais
conhecida das criptomoedas) tinha perdido mais de
35% do seu valor.

O último mercado que deverá ser afetado é o de
imóveis, como já ocorreu na crise anterior.

Tudo indica que o mundo caminha para a recessão.
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