Banco Central do Brasil
Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
Sunday, May 29, 2022
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes
são. O melhor marqueteiro do presidente é o PT.
O que é, afinal, esse acordo anunciado com o bilionário
Elon Musk? O principal ponto é em relação à proteção
da Amazônia. Ele vai ceder os satélites que tem e isso
será gratuito. Ele só está precisando dos gateways na
Amazônia, as portas de entrada em solo. Deve fazer
isso nos próximos meses.
A gente já tem satélite que faz isso, só que os satélites
dele estão a 550 km da Terra, são mais baixos, e 20% a
30% dos satélites dele têm um laser que detecta o
barulho da serra elétrica. Cabe muito para a Amazônia.
Então isso é o acordo que vai fazer: tomar conta ali e
disponibilizar [as informações] para os militares e o
pelotão de fronteira.
Musk anunciou que vai conectar 19 mil escolas, mas
não tem nada certo sobre isso, tem? Ele [Musk] disse
que tinha 19 mil escolas sem conexão no Brasil e ele
estava vindo aqui para tratar disso. A gente precisa de
dois braços para fazer essas escolas. Se fosse só com
um ia demorar muito.
Qual a diferença entre Starlink e Viasat [que já opera o
serviço de conectar escolas]? A Starlink tem velocidade
maior e latência menor. Fizeram um teste na frente da
Anatel e das teles e deu 300 Mbps [Megabits por
segundo], qualidade de 4G. Enquanto o nosso, o Wifi
Brasil, é 10 Mbps a 20 Mbps. Se tem essa qualidade, a
Anatel pode optar em lugares mais remotos por usar
esse serviço para acelerar as escolas.
O que a Starlink quer é escolas em zonas rurais,
principalmente aldeias indígenas. É o que move ele
[Musk]. Ele viu as fotos das aldeias e disse: 'quero isso'.
Ministro, por que ele está tão interessado na Amazônia,
em aldeias indígenas? Porque é algo diferente do que
ele já tem. Ele sempre gosta do diferente. Uma vez falei
para ele de semicondutores e ele disse: 'não quero
colocar porque já existe. Só se eu precisar para a Tesla
ou a SpaceX'.
Para isso ele vai participar de uma licitação? Ele vai
participar de uma licitação. A gente vai conectar as
escolas com a Starlink ou sem a Starlink.
Nesse caso, as empresas vão ser multadas se não
cumprirem a obrigação. Agora, elas teriam de pedir
permissão para contratar a Starlink ou qualquer outra
empresa. Não é tão simples. É, ministro? Elas vão ter
de mandar pra Anatel e ela decide se cabe ou não.
Várias outras empresas de baixa altitude vão abrir
também. O [dono da Amazon, Jeff] Bezos vai abrir. Já
recebi eles aqui. Estão com licença [da Anatel] para
mais de 3 mil satélites.
O que essa turma quer aqui, ministro? Eles estão vendo
que há 7 bilhões de pessoas no mundo e todo mundo
usa internet. Eles vão oferecer internet pro mundo
inteiro. Dez dólares por pessoa, quanto que dá?
Acredito que isso é o principal. E dados também. Vão
ter dados de Amazônia, do desmatamento.
Acha que dá para explorar eleitoralmente a vinda do
Musk? Ninguém queria conversar com o Brasil. A partir
do momento que vem Elon Musk para cá, mostra que o
Brasil não está isolado. Musk não veio aqui pra bater
foto. Ele é pragmático. Veio pra cá pra tratar de
Amazônia, pra entregar [a conexão]. Não veio pra cá
como político. A gente não falou sobre eleição, não
tratamos sobre nada eleitoral.
Estávamos vindo num momento de muita notícia
negativa em relação à Amazônia. E que todo mundo,
todos os presidentes, chefes de Estado, artistas, o
Leonardo DiCaprio, criticavam a Amazônia.
A gente não estava vendo uma agenda positiva. Elon
Musk veio aqui, quer ajudar a preservar a Amazônia,
quer ajudar conectando escolas, e quem quiser vir é
bem-vindo. Esse movimento foi uma inversão da fila.
Vai ter uma fila de críticos, que já é enorme, e a gente
abriu uma fila para pessoas que querem vir. Até a
imprensa internacional falou que isso pode ser a nova
corrida dos bilionários, a corrida por ajudar a Amazônia.
Se isso ocorrer, acho que a gente acertou.
Estão procurando mais gente? Não, mas já tem gente