Clipping Jornais - Banco Central (2022-05-29)

(Antfer) #1

A pandemia continua; eagora?


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Tendência e Debates
Sunday, May 29, 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Click here to open the image

Autor: Claudio Maierovitch Pessanha Henriques


Nos primeiros meses da pandemia de Covid-19, apesar
da escassez de conhecimentos, era mais simples fazer
projeções de futuro, com base na taxa de transmissão
do vírus e nas proporções de casos graves,
hospitalizações e óbitos.


De lá para cá, parte da população teve infecção,
ganhando algum grau de imunidade; chegaram -com
alcance e velocidade muito heterogêneos pelo mundo-
diversas vacinas, altamente efetivas para reduzir casos
graves e óbitos, mas que não impedem a transmissão.
Novas variantes do Sars-CoV-2 têm surgido, com
características diferentes da original, inclusive no que se
refere à possibilidade de escapar da imunidade
adquirida. Atitudes, comportamentos e ambientes
mudaram. Além disso, começam a se tornar disponíveis
alguns medicamentos que apresentam bons resultados
no tratamento da doença.


Fazer previsões tornou-se uma tarefa de grande
complexidade. Embora os casos e óbitos diários no
Brasil tenham caído muito desde o início de 2022 e seja


improvável uma explosão semelhante às outras que
houve, a situação é de intranquilidade, com números
que ainda indicam muito sofrimento humano.

Desenhar cenários para as próximas semanas ou
meses é tarefa arriscada. Contrariando a ideia de que a
crise passou, linhagens BA.2, BA.4 e BA.5, derivadas
da variante ômicron, fazem aumentar os casos em
vários países e podem infectar até quem teve infecção
recentemente. Persistem incertezas quanto à duração
da proteção conferida pela doença e pelas vacinas e
sobre a possibilidade de efeitos prolongados da Covid.

É certo que o vírus continuará circulando, e tem se
tornado comum ouvir que precisamos aprender a
conviver com ele. Esta frase esconde uma pergunta
essencial: qual é a intensidade tolerável para esta
instável e perigosa convivência?

A alta cobertura vacinal e a diminuição na incidência
não são argumentos para abandonar as medidas de
prevenção. Ao contrário, representam a oportunidade
desejada para levar a transmissão ao menor patamar
possível e organizar ações deixadas de lado por
negligência ou falta de capacidade durante os períodos
mais críticos. Um plano continua sendo necessário e
deve incluir:

1 - Reforçar a vacinação. Quem não recebeu as doses
indicadas deve ser convocado por ampla campanha de
comunicação oficial e busca ativa pelas equipes de
saúde. O comprovante de vacinação deve ser cobrado
em todas as oportunidades (trabalho, educação,
eventos, viagens etc.);

2 - Retomar o uso de máscaras de boa qualidade em
ambientes fechados. É medida barata, de eficácia
comprovada e sem contraindicações;

3 - Testar de forma ampla, com acesso fácil e sem
custo. Com ou sem sintomas, o Sistema Único de
Saúde deve oferecer acesso fácil à testagem,
orientação e comprovantes para justificar ausência ao
Free download pdf