Colômbia chega ao 1º turno com esquerdista favorito pela 1º vez
Banco Central do Brasil
Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mundo
Sunday, May 29, 2022
Banco Central - Perfil 3 - Reforma Tributária
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Autor: Sylvia Colombo
BOGOTÁ Com apreensão e suspense, 38 milhões de
colombianos aptos a ir às umas neste domingo (29) vão
decidir quem será o próximo presidente do país. Por
ora, a esquerda, que nunca governou a Colômbia, tem
uma vantagem ampla, com o ex-guerrilheiro, ex-prefeito
e senador Gustavo Petro com 40, 6% das intenções de
voto, de acordo com pesquisa do instituto Invamer.
O segundo colocado é o direitista moderado Federico
Gutiérrez, que tem 27, 1%, mas vem perdendo força
desde que aceitou o apoio do atual governo, do
impopular Iván Duque, e de alas mais duras da direita.
Corre por fora, com crescimento acentuado nos últimos
levantamentos, o populista Rodolfo Hernández, com 20,
9%, que tem plataforma de direita anticorrupção e prega
um Estado mais presente na economia. A alta do
candidato alterou a previsibilidade sugerida pelas
pesquisas nos últimos meses. A chance de um segundo
turno, a ser realizado em 19 de junho, se necessário,
permanece, mas não se sabe quem Petro enfrentaria.
A força do esquerdista, que em 2018 perdeu no
segundo turno para Duque, surge embalada pelas
manifestações antigoverno realizadas entre 2019?
- Os protestos começaram devido a uma proposta
de reforma tributária, mas logo ganham faltas mais
amplas, como a desigualdade histórica no país, o
desemprego, que atinge 12%da população, e a perda
de trabalhos informais durante a pandemia de Covid.
A repressão brutal aos atos por parte da polícia
colombiana deu força à oposição, que também vê na
escolha da candidata a vice de Petro, a advogada e
ambientalista negra Francia Márquez, defensora de
políticas de gênero e diversidade, um ativo para atrair
jovens.
Entre as propostas do líder nas pesquisas estão uma
reforma para eliminar impostos de produtos da cesta
básica e taxar grandes fortunas. Defensor do acordo
com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia), Petro quer acelerar a implantação de um
ponto que pouco avançou, a reforma agrária, além de
retomar as negociações com o ELN (Exército de
Libertação Nacional), interrompidas por Duque.
Também prometeu diminuir os índices de desemprego
com mais vagas na folha de pagamento do Estado.
Parte das críticas que recebe vem do mercado, que
teme mudanças na economia do país, baseada em
disciplina fiscal, amigável a investimentos estrangeiros e
cujo principal produto de exportação é o petróleo. Há
um receio de que Petro determine políticas
protecionistas na área de comércio exterior.
Fico Gutiérrez, por sua vez, quer afastar a imagem de
candidato do continuísmo e adota alinha de um
liberalismo moderado, nos moldes do presidente
uruguaio, Luis Lacalle Pou. Quer reduzir gastos sociais
e aumentar investimentos em infraestrutura, como fez
no período em que ocupou a Prefeitura de Medellin.
Mesmo sendo um opositor de Sergio Fajardo,
responsável pelas mudanças urbanísticas que fizeram