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Embraer e a FAB, possibilitando
um aumento da capacidade pro-
dutiva do setor aeronáutico bra-
sileiro. Por mais que se apontem
deficiências ao programa AMX
e ao próprio avião, a iniciativa
se mostrou bastante adequada
à realidade da FAB na época e
serviu de parâmetro para o que
seria o programa F-X2. Após ser
cancelado pelo recém-empossado
presidente Lula, o programa F-X
foi redesenhado e ganhou novos
contornos.
PROGRAMA F-X2
O projeto original, iniciado em
meados dos anos 1990, previa a
compra de um novo vetor de caça
para substituir o Mirage III e,
possivelmente, torná-lo o modelo
padrão da FAB. Já havia ali uma
preocupação com a transferência
de tecnologia, mas ainda restrita,
basicamente, ao acesso ao código-
-fonte, que deveria ter arquitetura
aberta, permitindo ao Brasil
integrar sistemas e armas sem a
necessidade de solicitar autoriza-
ção ao fabricante do avião.
Um aspecto considerado na
época era a exigência de um deta-
lhamento das políticas de restrição
à exportação de equipamentos e
tecnologias sensíveis, incluindo
softwares e hardwares dos países
de origem do avião. O objetivo era
garantir que o acesso ao código-
-fonte não dependesse de autori-
zações do governo do país onde
a aeronave fora projetada, o que,
historicamente, mostrava-se um
grave problema para o desenvol-
vimento de tecnologias e soluções
militares próprias.
O programa F-X2 foi lança-
do em 2006, sendo remodelado
e ganhando novas exigências,
entre as quais a transferência de
tecnologia. Diferentemente do
previsto, o Brasil passava a exigir
não apenas acesso ao código-fonte
dos sistemas, mas, também, uma
completa transferência tecnologia,
permitindo à indústria aeronáu-
tica brasileira participar de todo
o processo e, ao final, deter o
conhecimento para, no futuro,
produzir localmente qualquer
projeto similar.
Ao longo de sete anos, o
programa F-X2 sofreu toda a sorte
de contratempos, incluindo o
anúncio precipitado da vitória do
francês Rafale sem que o acordo
estivesse oficialmente firmado. Ao
final, em 2013, a então presi-
dente Dilma Rousseff anunciou
o Gripen NG como programa
vencedor do F-X2. No contrato
firmado em 2014 constava, além
da aquisição de 36 aviões, sendo
30 monopostos (Gripen E) e oito
bipostos (Gripen F), uma série de
requisitos como a transferência de
tecnologia de forma irrestrita.
“Vamos transferir tecnologia e
capacidade de projetar e construir
caças”, afirmou Hakan Buskhe,
presidente da Saab, durante a assi-
natura do contrato em outubro de
- “Vai ser um salto, não ape-
nas para a Embraer, mas, também,
para a nossa indústria em geral”,
acrescentou o brigadeiro Alvani
Adão da Silva, então diretor do