Voo Livre Revista Literária nº 23

(MARINA MARINO) #1

Poesia


de.Enfim,esteéoespaço-tempoem
que o discursopoético seapresenta
para mim. O espaço e seus
subespaçossãoocotidianovividopor
uma mulher, povoados por muitos e
absurdossilênciosqueencontram,na
palavra, a chave mestra que dá
passagem a mudanças necessárias
que inspiram novos itinerários. Ao
falardesi,avozfemininadoeulírico
tambémfaladenós,poistambémme
dou conta da existência deste não-
lugar do entreabruxae odragão ,
um quarto sombrio onde se dá o
exercício daaprendizagemcom eda
escrita,o“quartoparasi”,comodisse
Virginia Woolf. É este o entre ,
tambémonão-lugarquecondicionaa
escrita de Verônica Oliveira. É o
refúgio deondeuma vozconsciente
selevantaparadizerdaliberdadede
suas escolhas à revelia das críticas
sociais, simplesmente ao gosto e ao
gozo de uma mulher que precisa se
reafirmar livre todos os dias. Parece
exagero, mas não é, este combate
diárioéacruelrealidadevividapelas
mulheres das classes populares,
geralmente pelas que não nasceram


emberçoesplêndidodamérito-


cracia.Asquevivememsuasbolhas
costumam usar o discurso de que
nunca sofreram machismo,
naturalizamamisoginia,osexismoe
muitosoutros“ismos”quealimentam
acaçaaosdragõescuspidoresdefogo
e às bruxas maléficas. As
meritocráticas também praticam o
expurgo a mulheres, como por
exemplo,omomentovergonhosoque
ficou para os anais da história,
quando elas, vestidas de verde-
amarelo, em passeata, apoiaram o
golpe de 2016 e esbravejaram
horrores contra a presidenta Dilma
Rousseff,aprimeiramulheraocupar
ocargodospresidenciáveisnoBrasil:
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