Você SA - Edição 248 (2019-01)

(Antfer) #1
VOCÊ S/A wJANEIRO DE 2019 w 11

Andreza Jorge,
coordenadora da
iniciativa: desafio
de empoderar
as moradoras

A

violência no complexo da Maré, no Rio
de Janeiro, é uma constante. Só em
2017, 42 pessoas morreram vítimas de
confrontos policiais na região, com a
terceira maior taxa de homicídios da ci-
dade carioca. O assassinato de Marielle
Franco, vereadora eleita com 46 502 vo-
tos e nascida na região, é um dos casos
mais emblemáticos na história recente
do local, formado por 16 favelas. Foi para alterar essa
realidade e empoderar outras mulheres a lutar por mais
direitos, assim como fazia Marielle, que surgiu o espaço
Casa de Mulheres da Maré, em 2016. A iniciativa é do
Instituto Redes da Maré, que há 11 anos batalha por po-
líticas públicas para os 140 000 moradores do conjunto de
comunidades. Uma das beneficiárias dos projetos é An-
dreza Jorge, de 30 anos, hoje coordenadora da fundação.

Formada em dança pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) e mestranda em relações étnico-raciais
na mesma instituição, a jovem atua em ONGs desde os
15 anos e se tornou uma liderança local. À frente da Casa
de Mulheres desde o ano passado, ela ajuda a organizar a
programação do espaço, que conta com oficinas e cursos
profissionalizantes de culinária e cabeleireira, além de-
assistência psicológica, social e jurídica para as mulheres
da região. Semestralmente, 100 moradoras se formam nas
capacitações, que abordam não só a parte técnica mas
também temas como gênero e raça. Isso acontece porque
o papel da iniciativa é ir além de formar trabalhadoras.
“Queremos ser um centro de referência, acolhimento e
valorização da luta das mulheres na Maré, que sempre se
organizaram em busca de direitos como saneamento, água
e luz”, diz Andreza. Hoje, os projetos são mantidos por edi-
tais públicos e privados, e campanhas de crowdfunding.
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