36 wJANEIRO DE 2019 wVOCÊ S/A
V
ocê entra no su-
permercado, es-
colhe os produtos
que precisa, mas,
antes de colocá-
-los no carrinho,
enquadra o códi-
go de barras na
câmera de seu
celular e, ali mes-
mo, descobre, por meio de um apli-
cativo que rastreia as práticas das
indústrias, se está levando para casa
um item sustentável, cuja produção
esteja alinhada com seus valores.
Exemplos de tecnologias como
essa pipocam no Brasil e no mundo
em resposta ao aumento do interesse
das pessoas em fazer compras mais
responsáveis. De uns anos para cá,
adquirir alimentos de origem certi-
ficada, usar produtos livres de testes
em animais, comprar de empresas
sem histórico de trabalho escravo e
priorizar a locação em vez da aqui-
sição tornaram-se atitudes comuns.
Prova disso é que o Indicador de
Consumo Consciente (ICC), que
mede o equilíbrio entre a satisfa-
ção pessoal e o nível de práticas
ambientais, financeiras e de enga-
jamento social dos brasileiros, su-
biu de patamar nos últimos quatro
anos. Segundo dados da pesquisa
anual realizada pelo Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC Brasil)
e pela Confederação Nacional de
Dirigentes Lojistas (CNDL), o ICC
saltou 4 pontos percentuais de 2015
a 2018, saindo de 69% para 73%.
Embora o desempenho esteja
aquém do desejado — o estudo só
considera que haja consumo cons-
ciente no país quando esse índice
fica acima de 80% —, os brasileiros
avançam nessa questão. Hoje, de
acordo com o SPC Brasil, 98% das
pessoas reconhecem a importância
CONSUMO ENGAJADO
Listamos nove apps e um site para ajudar quem deseja consumir melhor
e fazer compras mais sustentáveis do ponto de vista social e ambiental
Karina Fusco
TECNOLOGIA
da adoção de práticas sustentáveis
na hora de comprar e 55% se encai-
xam no grupo de transição, gente
que já começou a inserir mudan-
ças positivas na forma de consumir,
mas cujas atitudes, em geral, ainda
estão abaixo do esperado.
Um estudo do Instituto Akatu, or-
ganização sem fins lucrativos que
trabalha pela conscientização e mo-
bilização da sociedade em prol do
consumo consciente, publicado em
julho, mostrou que a principal bar-
reira para quem deseja ser um con-
sumidor melhor é a necessidade de
fazer um esforço, ou
seja, mudar de hábi-
tos (60%). “Muitos
protelam essa ati-
tude por achar que
não faria diferença
no coletivo”, diz
José Vignoli, edu-
cador financeiro do
SPC. Outro entrave
(apontado por 38%
das pessoas) é o
fato de os produtos sustentáveis se-
rem mais caros (artigos orgânicos,
por exemplo, custam, em média,
30% mais do que os convencionais).
Nesse cenário, a tecnologia ganha
relevância. “A revolução trazida
pela internet das coisas e pela inte-
ligência artificial viabiliza engajar
o consumidor por meio das emba-
lagens e formar uma nova cultura
de consumo. Grandes varejistas e
atacadistas também estão se mobi-
lizando nesse sentido. Acreditamos
que esteja em curso uma economia
na qual os impactos sociais, am-
bientais e econômicos farão dife-
rença na decisão de compra”, diz
Marcel Fukayama, cofundador e di-
retor executivo do Sistema B Brasil,
movimento empresarial que milita
por um comércio mais inclusivo e
sustentável. Conheça, a seguir, dez
ferramentas que podem ajudá-lo a
se inserir nesse movimento.