Superinteressante - Edição 399 (2019-02)

(Antfer) #1

carta ao leitor editorial


Alexandre Versignassi
Diretor De reDação
[email protected]

No iNício dos tempos, tdo o que
havia era um mar profndo, que se
estendia ao infnito.
Deus, então, separou esse mar em
dois. Não num corte vertcal, estlo
abertra do Mar Vermelho, mas numa
secção horizontal. Fez a metade
superior desse oceano levitar.
Elevou a massa de água cada vez
mais para cima, centenas de quilôme-
tos para o alto, e estacionou-a ali.
Ao enorme vão aberto ente a
massa de água de cima e a de baixo,
Deus deu o nome de “céu”.
Para segurar a água ali em cima,
Deus instalou uma cúpula negra:
ofrmamento. E é por isso que chove.
São as águas daquele mar que repousa
acima do frmamento caindo sobre as
nossas cabeças. E no céu recém-
aberto, Deus instalou duas luminárias.
Uma, a mais intensa, ele chamou de
“Sol”. A outa, pálida, batzou como
“Lua”. Então afastou techos do mar de
baixo para além do infnito, fazendo
surgir grandes extensões de terra
frme. E viu que era bom.
Então criou seres para povoá-la.
Primeiro plantas e peixes, depois
animais selvagens e doméstcos.
Por fm, um homem e uma mulher.
E também viu que era bom.
É assim que o Gênesis descreve a
origem do mundo (ainda que com
menos palavras). Um mundo plano,
infnito, em que toda a cosmologia se
resume a um mar futante e uma laje
descomunal para segurá-lo.
Não entenda este ensaio como
uma chacota ao texto bíblico. Não é.
O Livro Sagrado é a obra mais
importante da civilização. Suas
fábulas sobre o início dos tempos
apenas refetem uma era pré-científ-
ca, na qual todos os fenômenos
natrais eram puro mistério.
E muito da beleza dessa obra,
escrita há quase 3 mil anos, está
justamente aí: no esforço de buscar
alguma explicação, ainda que sobrena-
tral, para fenômenos que pareciam
insondáveis: o ciclo das chuvas, os
corpos celestes, a origem da vida.
Foto Tomás Arthuzzi

A astrofísica da Bíblia


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Conselho Editorial: Victor Civita Neto (Presidente),
Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente)
e Giancarlo Civita

Outa beleza do Livro Sagrado é a
mais familiar: ter criado um código de
leis, uma espécie de Consttição, que
primeiro solidifcou a identdade
nacional de um povo, os israelitas, e
que depois fndaria as bases étcas de
boa parte da humanidade – incluindo
aí a civilização islâmica, já que o
Corão, composto há 1.400 anos, é
uma derivação da Bíblia. E hoje
3 bilhões de pessoas, ente cristãos,
judeus e muçulmanos, prestam
reverência a esses textos ancestais.
Ter fé na literalidade do texto
bíblico, porém, é uma questão privada.
Não faz sentdo, após quase 3 mil anos
de avanços no conhecimento humano,
usar a Bíblia para reftar a ciência.
Muitos cientstas seguem religiões, e
isso não os impede de aceitar fatos que
se opõem à imagem bíblica da criação.
Fatos como o caráter esférico da Terra,
o heliocentismo e, acima de tdo, a
evolução das espécies – talvez a mais
brilhante de todas as teorias científcas,
junto com a Relatvidade, de Einstein.
A fé religiosa é alimento para o
espírito. O respeito à ciência, aliado à
ampla divulgação de suas descober-
tas, é alimento para o cérebro, e para
o progresso da civilização. A huma-
nidade passou séculos num esforço
conciliatório ente a liberdade
intelectal e a liberdade religiosa.
E chegamos a um ponto bastante
razoável nos últmos séculos. Não
joguemos, então, essas conquistas
por terra. Que haja luz.

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