Viva Saúde - Edição 197 (2019-10)

(Antfer) #1

N


as cantigas ensinadas nas es-
colas, uma das músicas mais
tradicionais diz que comer “é o
melhor para poder crescer”. E
realmente a nutrição é parte fundamental da
nossa infância, é por meio dela que ganhamos
energia e disposição para as atividades do dia
a dia. Mas não é só de carboidratos como o ar-
roz, a batata e o macarrão que a garotada pre-
cisa para isso. Até porque as proteínas fazem
parte desse equilíbrio nutricional, e são ainda
mais importantes para as crianças pequenas
do que para os adultos.
Um estudo feito na Universidade de Illinois
(EUA) concluiu que a quantidade de proteína
que um bebê de 6 meses precisa consumir
chega a ser 75% maior do que a necessidade
proteica de um adulto, por conta do constan-
te crescimento. No entanto, ao longo dos pri-
meiros dois anos de vida, essa quantidade vai
diminuindo, até chegar o momento em que
a necessidade de proteína é “apenas” 20%
maior do que a de um adulto.
A nutricionista e supervisora de interna-
ção do Instituto da Criança (HC-FMUSP)
Adriana Servilha Gandolfo explica que a
proteína é o nutriente principal para o cresci-
mento das crianças e que manter uma quan-
tidade constante, mas sem exagero é funda-
mental. “A falta de proteína promove déficit
de crescimento. Já o excesso pode contribuir
para a obesidade”, destaca.

estrutura importante
Para Bruna Mambrini, nutricionista ma-
terno-infantil, as proteínas possuem funções
metabólicas e digestivas, como o transporte
de nutrientes, funções estruturais e de cres-
cimento, reforçam a imunidade e são fonte

alternativa de energia, reserva e armazena-
mento de nutrientes. “Por isso a falta de pro-
teína pode alterar todas essas funções, mas
principalmente exercer influências que pro-
vocam déficit no aumento muscular esquelé-
tico da criança, às vezes provocando desnu-
trição e aumento de infecções”, pondera.

Um prato equilibrado
Para evitar que falte proteína na alimen-
tação da criançada, o pediatra e neonatolo-
gista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro
da Sociedade Brasileira de Pediatria e da
Academia Americana de Pediatria, aponta
que a dieta deve ser balanceada e, para isso,
as quantidades de proteína e de carboidratos
precisam ser acertadas conforme a idade da
criança. “As calorias podem ser divididas em
três partes: uma maior de carboidratos, 50%;
outra de proteínas, 15%; e as calorias restan-
tes, 35%, em forma de gordura. As proteínas
são alimentos construtores, já os carboidra-
tos dão energia para o corpo e o cérebro, fa-
zendo tudo funcionar. As proteínas também
são balanceadas de acordo com a atividade
física praticada pela criança, variando entre
12% e 18% do prato”, explica.
Bruna alerta que, apesar de as fontes de
proteína serem essenciais, não são todas que
precisam ou devem ser consumidas. Como
exemplo ela cita que bebês de até 1 ano de
vida não devem ingerir leite de vaca e seus de-
rivados. “Um dos motivos está na sobrecarga
renal que pode trazer ao bebê”, justifica. Mas,
fora isso, ela diz que não há contraindicação
para proteínas, a não ser quando há alergia
alimentar. “Em casos de manifestações alér-
gicas como vermelhidão na pele, inchaço,
reações respiratórias como falta de ar, coriza

A quantidade
de proteína que
um bebê de
6 meses precisa
consumir
chega a ser 75%
maior do que
a necessidade
proteica de
um adulto,
por conta de
seu constante
crescimento

indispensável para o crescimento infantil, é possível


adaptar o cardápio dos pequenos para garantir


a quantidade correta do nutriente. Basta soltar a


criatividade e incentivá-los a comer bem desde cedo
texto MUrilo toretta

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