Síndrome do Pânico - Ano 1 Nº 1 (2018)

(Antfer) #1
CONSULTORIA Livia Marques e Olga Tessari, psicólogas; Luiz Scocca, psiquiatra e psicoterapeuta FOTO E ILUSTRAÇÃO Getty Images

O trabalho em
conjunto entre o psicólogo
e o psiquiatra potencializa
otratamento do pânico.
Portanto, é indicado
que o paciente mantenha
uma rotina de consulta com
ambos

Existem exames?
O pânico é uma consequência de
uma ansiedade elevada por muito tem-
po e não existe nenhum exame físico
ou médico específico que o diagnosti-
que. É comum a pessoa que sofre com
síndrome ir ao hospital acreditando
que está tendo um ataque cardíaco,
pois os sintomas do pânico se asse-
melham a um infarto. “Em geral, os
pacientes saem muito frustrados do
médico e não acreditam que seja um
distúrbio de ansiedade que pode ser
resolvido com medicação combinado
com tratamento psicológico”, esclarece
a psicóloga Olga Tessari.
Diante dessa dificuldade em de-
tectar o quadro de pânico, como
omédico consegue chegar a essa
conclusão? De uma forma simples,
pode-se dizer que o diagnóstico é fe-
chado quando o profissional percebe
que os sintomas clássicos da doença
começam a ocorrer com certa regula-
ridade ou quando a pessoa, após um
primeiro episódio de pânico, adquire
excessivo medo de uma nova ocorrên-
cia. E isso tudo só pode ser notado
por meio do relato do paciente, ou
seja, é essencial ser sincero ao pas-
sar por uma consulta, não deixando
nenhum detalhe de lado.


Quem procurar?
A ajuda médica deve ser acionada
assim que os sintomas forem percebi-
dos, quando já não há mais controle
sobre as crises de ansiedade e elas se
tornam cada vez mais frequentes. O
profissional irá avaliar e encaminhar
a pessoa para o tratamento devido.
Lembre-se de nunca ter medo nem
vergonha de assumir o transtorno,
nem de pedir a ajuda a quem está
por perto. A síndrome do pânico
pode ser tratada, se diagnosticada a tempo e com
acompanhamento de especialistas. E quem são esses profissionais
capazes de auxiliar no tratamento?

PSICÓLOGO: teoricamente, esse profissional é responsável por
auxiliar o paciente a identificar os motivos da sua doença, por meio,
na maioria dos casos, do diálogo (dependendo da abordagem me-
todológica). Sua intenção não é, necessariamente, promover o fim
dos efeitos da doença, mas ajudar a pessoa a compreender melhor
sua relação com o ambiente e consigo mesmo, percebendo o que
provocou seu atual estado. “Perante o diagnóstico, o psicólogo cria
junto do paciente o plano de tratamento. Assim, fica claro para
esse paciente seus comportamentos e pensamentos disfuncionais”,
explica a psicóloga Livia Marques. Segundo a especialista, a terapia
cognitivo-comportamental (TCC) é a mais comum para esse tipo
de problema. Nela, o psicólogo ajuda o paciente a compreender a
razão do problema e, associado a isso, busca maneiras de modificar
os hábitos, em busca de diminuir as atitudes ansiosas. Para tanto,
Livia acredita que a boa relação entre psicólogo e paciente deve
acontecer. A utilização do método cognitivo, ainda assim, não exclui
a possibilidade de outras abordagens terapêuticas: a psicanálise, por
exemplo, é um método que pode ser utilizado.

PSIQUIATRA: esse médico é responsável pela elaboração de um
diagnóstico e pela administração de remédios, contudo, essa não é
sua única função. “É ao programar e acompanhar todo o tratamento
da ansiedade que ele revela sua verdadeira arte. Primeiramente,
porque são muitos grupos de medicamentos e cada paciente deve
ter um tratamento personalizado, por ser único”, aponta o psiquiatra
e psicoterapeuta Luiz Scocca. Nem por isso esse profissional deve
se restringir a essas funções: Scocca explica que muitos psiquiatras
são treinados em terapias diversas no tratamento da ansiedade,
como as psicoterapias de base analítica - psicanálise, junguiana e
lacaniana - a terapia cognitivo-comportamental (TCC), o mindful-
ness, a hipnose, a arteterapia, entre outras.

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