National Geographic - Portugal - Edição 225 (2019-12)

salém. Os mapas do explorador, admiravel-
mente rigorosos, ainda são considerados uma
maravilha. Outro dos seus legados, porém, tal-
vez seja a desconfi ança duradoura com que os
habitantes muçulmanos da cidade encaram

Um século mais tarde, quando Israel captu-
rou Jerusalém Oriental, incluindo a Cidade Ve-
lha, aos exércitos árabes, durante a Guerra dos
Seis Dias, em 1967, os arqueólogos judeus ini-
ciaram importantes escavações científi cas que
se transformaram numa peça fundamental dos
esforços desenvolvidos pela jovem nação para
provar e comemorar as suas raízes ancestrais.
Encontraram palácios do século I, pertencen-
tes à elite judaica, repletos de mosaicos elegan-
tes e paredes pintadas. Mas também puseram
a descoberto partes da há muito perdida Igreja
de Nea, que fora construída 500 anos depoise
só era superada em importância pela do Santo
Sepulcro. Encontraram igualmente as ruínas
de um enorme complexo construído pelos pri-

Algumas escavações,contudo,tinhamfins

claramente religiosos.Sóumpunhadodeseg-

mentos da Muralha Ocidental–vestígiosda

plataforma do TemplodeHerodes,olugarmais

sagrado do judaísmo ondeosjudeuspodemre-

zar – se localizam acimadoníveldosoloe,por

isso, após a Guerra dosSeisDias,oministrodos

Assuntos Religiosos iniciouumesforçodes-

tinado a escavar a totalidadedaMuralhaOci-

dental, abrindo túneis.Comumcomprimento

superior à altura do EmpireStateBuilding,a

muralha encontrava-secobertaporedifícios

contruídos posteriormente,aolongodemais

de metade da sua extensão.Durantequaseduas

décadas, houve escassasupervisãoarqueológi-

ca dos trabalhos do túnel:perderam-sedados

impossíveis de calcular,segundooarqueólogo

israelita Dan Bahat, quelutoucomêxitopelo

controlo arqueológicodasescavações.Estes

trabalhos também suscitaramassuspeitasdos

muçulmanos de que oobjectivodosisraelitas

seria a penetração damuralhaeoacessoàpla-

taforma sagrada.

Miúdosachapinhare

gargalhadasalegramo

finaldopercursodo

túneldeEzequias,que

canalizaaáguaao

longode 553 metros

desdeafontedeGihon

(antigafonteprincipal

deabastecimentode

águadeJerusalém)até

estapiscina.Segundoa

Bíblia,Ezequias

construiuotúnelpara

protegerdosinvasores

oabastecimentode

águadacidade.

HADASPARUSH

SAGRADAPARAJUDEUS,CRISTÃOSE

MUÇULMANOS,JERUSALÉMTEMSIDOMOLDADA

PORQUASETRÊSMILANOSDEDEVOÇÃO,

CONQUISTA,DEVASTAÇÃOERECONSTRUÇÃO.

TEXTOSDEALBERTOLUCASLÓPEZ

EMATTHEWW.CHWASTYK

PATRIMÓNIO

CONTESTADO

MarMorto

MarGalileiada

FronteirareivindicadapelaSíria

S

EGIPTO

JORDÂNIA

LÍBANO SÍRIA

I S RAEL

Jerusalém

I S R A E L

CISJORDÂNIA

CIDADE VELHA

JERUSALÉMLESTE

JERUSALÉM OESTE

armistício de 1949Linha Verde,

urbanos deLimites

Jerusalém

ÁREA DOMAPA

DESTAQUEEM BAIXO

ÁS

IA

EUROPA

ÁFRICA

Territórios disputados

Durante a Guerra dos Seis

Dias, em 1967, Israel capturou

a Cisjordânia e Jerusalém

Oriental, incluindo a Cidade

Velha, à Jordânia, a Faixa

de Gaza ao Egipto, e os

montes Golan à Síria.

Uma cidade,

muitos nomes

Este local de veneração e

guerra já foi conhecido como

Hierosolyma, Yerushalayim,

Cidade de David, Cidade do

Grande Rei, Aelia Capitolina,

Al Quds e Jerusalém.

Capital polémica

Após a fundação de Israel

em 1948, o Estado escolheu

Jerusalém como capital.

Os palestinianos reivindicaram

Jerusalém Oriental como

futura capital. A Linha Verde (a

tracejado) representa a fronteira

antes da Guerra dos Seis Dias.

(Continua na pg. 22)