Dossiê Superinteressante - Edição 398-A (2019-01)

(Antfer) #1
Guiné
Ahmed Sékou
Touré
1922 - 1984

Um dos líderes
na conquista da
independência
diante da França em
1958, foi o primeiro
presidente da Guiné,
governando de
forma ditatorial até
morrer, em decor-
rência de um infarto.
Também ajudou a f-
nanciar as guerrilhas
que lutaram para
encerrar o colonia-
lismo português na
vizinha Guiné-Bissau
e no Cabo Verde.

Burkina Faso
ThomAS SAnkArA
1949 - 1987

Com uma plataforma
anti-imperialista, o
jovem guerrilheiro, co-
nhecido como o “Che
Guevara africano”,
liderou uma revolução
popular que tomou
o poder no Alto Volta
em 1983, mudando
o nome do país para
Burkina Faso (“terra
das pessoas íntegras”,
na língua local).
Nacionalizou terras
e riquezas minerais
e foi rapidamente
combatido pelas
classes altas e médias
e setores conserva-
dores do Exército. Em
1987, foi derrubado
por um contragolpe
e assassinado.

Gana
kwAme nkrumAh
1909 - 1972

Prometendo me-
lhorar as condições
de vida dos mais
pobres, Nkrumah
foi eleito presidente
de Gana em 1960,
três anos após a
independência do
país. Suas ideias so-
cialistas não caíram
bem em parte da eli-
te política ganesa e
ele acabou deposto
em 1966. Amigo de
Ahmed Sékou Touré,
viveu seus anos
fnais na Guiné, onde
foi nomeado “copre-
sidente” honorário.

Fotos

Wikimedia Commons

Percalços
No início, os Congressos Pan-Africa-
nos foram sempre realizados fora da
África – em parte para chamar atenção
dos poderes coloniais, mas também
porque boa parte dos pensadores vivia
fora dali. A primeira, em 1919, aconte-
ceu em Paris. Nas seguintes, Londres,
Bruxelas e Nova York se juntaram à
lista de sedes. Depois da quinta e mais
importante reunião, a de 1945, a sexta
conferência demoraria quase 30 anos:
só ocorreu em 1974.
Mas, quando o novo congresso veio,
enfm aconteceu em uma república afri-
cana independente – a Tanzânia. Era um
refexo de tdo o que havia mudado
desde o últmo enconto. Naquelas tês
décadas, o domínio direto da Europa foi
pratcamente varrido por completo da
África. E não era para menos: alguns
dos líderes das revoltas haviam com-
parecido pessoalmente aos debates de
Manchester. Estveram lá, ente outos,
Kwame Nkrumah, Jomo Kenyatta e
Hastngs Banda – que conduziram, res-
pectvamente, Gana, Quênia e Malauí

rumo às suas independências.
A partr dos anos 1960, conforme as
antgas potências coloniais foram sen-
do afastadas da África, muitos líderes
identfcados com o pan-africanismo
levaram suas bandeiras um pouco além:
a luta conta o imperialismo passou a se
mesclar com uma derrubada do mode-
lo capitalista. Neste momento, a União
Soviétca entou em cena, fnanciando
governos e guerrilhas pelo contnente –
e os Estados Unidos não fcaram atás,
também tentando manter suas zonas
de influência na região. Em poucos
anos, muitos heróis da independência

africana acabariam se tornando conhe-
cidos, também, como brutais ditadores
aliados a algum dos lados da Guerra Fria
(veja mais sobre isso nas págs. 48 a 53).
As ideias que levaram à independên-
cia ganham corpo na Organização pela
Unidade Africana, fndada em 1963.
Hoje chamada União Africana, ela segue
fncionando na Etópia para discutr
e representar os interesses conjuntos
do contnente. Mas a utopia pan-afri-
canista ainda tem um longo caminho
para concretzar as ambições originais
de uma plena autonomia da África: os
europeus se retraram ofcialmente e
as potências estangeiras mudaram ao
longo dos anos, mas o resto do mundo
contnuou com grandes interesses na
região. Fosse pelas mãos dos soviétcos,
norte-americanos ou, mais recentemen-
te, dos chineses, a dependência econô-
mica da África nunca chegou ao fm.

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