Freud e seus Fantasmas - Rafael Rocha Daud

(Antfer) #1

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Sigmund Schlomo Freud

motivo inconsciente.

Da mesma forma, mas talvez mais difícil de ser
admitido, às vezes nos pegamos imaginando coisas
horríveis acontecendo com pessoas de quem gostamos
demais. Pode ser que imaginemos um terrível acidente
na estrada quando essa pessoa sai de viagem, ou tememos
que haja um assalto e essa pessoa seja gravemente ferida
ou morta e que nada possamos fazer a respeito. É claro
que diremos: “Na verdade, isso tudo é o medo falando,
justamente o medo de que essas coisas aconteçam”. Não
desejaríamos isso para ninguém, mas em relação às
pessoas de quem gostamos isso é mais temido, enquanto
somos mais ou menos indiferentes às outras pessoas.

Mas por que esse pensamento tão obsessivo a respeito
de tais eventos? Por que esse temor tão frequente, tão
impositivo, quando na verdade os riscos não são tão
grandes assim, quando vemos claramente que estamos
exagerando? Que sentido haverá nessa insistência, nesse
temor exagerado? Trata-se de algo ilógico, mas algo que
não nos larga, como uma compulsão a pensar nessas coisas
que não nos larga, mesmo quando nos desagrada tanto.

Tudo isso é assunto do inconsciente. Se pudermos
examiná-lo, investigá-lo, até mesmo dialogar com
ele, descobriremos que todos esses pensamentos e
atitudes ilógicas têm, na verdade, algum sentido. Qual?
Infelizmente, ele se dá numa outra linguagem, que é preciso
traduzir. Felizmente, ele se dá numa linguagem e por isso é
estruturado de uma maneira que somos capazes de acessar
“Se pudermos examinar o inconsciente, investigá-lo,
até mesmo dialogar com ele, descobriremos que todos
os pensamentos terríveis e atitudes ilógicas têm, na
verdade, algum sentido.”
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