Freud e seus Fantasmas - Rafael Rocha Daud

(Antfer) #1

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ou não.
O que as deixava doentes era o que elas eram
capazes de fazer com esse inconsciente. Freud
verificou, não sem a ajuda de seu colega e amigo (e
depois opositor e inimigo) Jung, a existência dos
complexos: agrupamentos intrincados, verdadeiros
nós que ocorriam na psique de uma pessoa a partir
de determinados elementos inconscientes mal
trabalhados, que produziam limitações e dificuldades
na vida psíquica desses indivíduos: sintomas, inibições,
angústia.


Assim, aquilo que uma pessoa saudável era capaz
de processar e lidar bem era para outra pessoa fonte
de angústia e conforme essa pessoa pudesse ou não
lidar com essa angústia, o resultado seria inibições ou
sintomas. Em outras palavras, essa pessoa adoeceria.


Estabelecida essa questão, Freud pôde confiar
em que, examinando seus próprios sonhos, suas
motivações, sentidos, ocultações e aquilo que restava
deles representado em sua vida atual, cotidiana, poderia
também compreender as regras de funcionamento (e
de não funcionamento) do inconsciente em geral: dos
saudáveis e dos neuróticos.


Foi assim que Freud pôs-se a investigar seus sonhos;
anotá-los pela manhã, quando ainda estavam frescos
na memória, e ao longo de vários anos, especialmente
a partir de 1897 até a redação da Interpretação dos
Sonhos, em 1899, mas realmente ao longo de toda
sua vida, e interpretá-los à luz do que era capaz de
elaborar, conscientemente, como sendo as motivações
para sonhá-los.

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