Freud e seus Fantasmas - Rafael Rocha Daud

(Antfer) #1

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Sigmund Schlomo Freud

Alguns sonhos parecem ser sonhos ruins e de fato o são, mas
apenas em um determinado aspecto. Como dissemos, o sonho
possui um conteúdo manifesto e um conteúdo latente. Pode
ser que no conteúdo manifesto o sonho seja algo ruim, mas
no conteúdo latente seja a realização de um desejo. É possível,
por exemplo, que ao acordarmos tenhamos a lembrança de ter
tido um sonho ruim, mas apesar disso temos uma sensação
boa, como se o sonho na verdade tivesse sido um sonho bom.
É porque de fato o foi, mas apenas no conteúdo latente. Se o
interpretarmos, seremos capazes de compreender por que esse
sonho nos tranquilizou, apesar de aparentar ser desagradável.

Um bom exemplo disso são os sonhos típicos de falharmos
em provas. Por exemplo, sonhamos que estudamos para uma
prova, mas no momento de escrever, damo-nos conta de
que não nos lembramos de nada, ou então que lembramos,
mas somos incapazes de transcrever para o papel, ou, ainda,
simplesmente não estudamos e não temos ideia de como
responder às perguntas. Aparentemente trata-se de um sonho
ruim. Se o analisamos, entretanto, verificaremos, via de regra,
que a matéria com que sonhamos é uma que justamente nunca
se apresentou a nós com dificuldade, ou então que fomos
capazes, num momento bastante significativo, de superar
essas dificuldades definitivamente. Tais sonhos são frequentes
à véspera de desafios que sabemos que deveremos enfrentar. O
conteúdo latente desses sonhos deve ser lido, assim, da seguinte
maneira: “Desejo que as dificuldades que hoje enfrento, para
as quais me preparo, embora pareçam intransponíveis, sejam
superadas com a mesma facilidade como na juventude superei
aquelas provas, que já não me metem mais medo e de fato
parecem triviais. Em outras palavras: que o desafio para o qual
me preparo agora não me seja mais dificultoso do que as provas
de matemática que tive de enfrentar e que nunca me causaram
problemas”.
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