sacos, dez minutos antes do assalto. Vestia a mesma roupa, mas sem máscara.
Prendemo-lo meia hora depois.
- Nós , há oito anos? – perguntou Harry, sem pensar.
A cor do rosto de Beate mudou como as luzes de um semáforo. Pegou num
pedaço de pão e tentou esconder-se atrás dele.
– O meu pai – murmurou.
– Desculpa. Não o quis dizer dessa maneira.
– Não tem importância – foi a resposta imediata.
– O teu pai...
– Foi morto – disse ela. – Aconteceu há muito tempo.
Harry ficou a ouvir os sons que ela emitia ao mastigar, enquanto olhava
para as mãos.
– Porque é que trouxeste uma cassete da semana anterior ao assalto? –
perguntou Beate.
– O contentor – disse Harry.
– O que é que tem?
– Liguei para a empresa de aluguer de contentores e perguntei. Foi pedido
na quinta-feira por um tal Stein Søbstad em Industrigata e colocado no local
combinado, directamente no exterior da loja de conveniência no dia a seguir.
Há dois Stein Søbstad em Oslo e ambos negam terem alugado um contentor.
A minha teoria é que o assaltante pediu que ele fosse ali colocado para cortar
a visão da montra, de modo a que a câmara não o conseguisse filmar a
atravessar a estrada quando saísse do banco. Se no mesmo dia em que alugou
o contentor andou pela loja, talvez a câmara tenha apanhado alguém a olhar
para o banco pela montra, a verificar os ângulos e por aí fora.
– Com um pouco de sorte. A testemunha no exterior da loja disse que o
assaltante ainda tinha o rosto tapado quando atravessou a rua, por isso porque
se teria dado a tanto trabalho com um contentor?
– O plano talvez fosse tirar a balaclava enquanto atravessava a rua. – Harry
suspirou. – Não sei, só sei que se passa alguma coisa com aquele contentor
verde. Está ali há uma semana, e, para além de um ou outro transeunte que
atira lixo lá para dentro, ninguém o utilizou.
– Ok – disse Beate. Pegou no vídeo e levantou-se.