Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

mudanças ou do lixo. Em resumo, nada que chame à atenção do córtex
cerebral. Não é de admirar que não tenhamos conseguido mais testemunhas.


– Ele está a deixar algumas impressões digitais, grandes e gordas, no
contentor – disse Harry. – Uma pena que a semana passada se tenha fartado
de chover.


– Mas o bolo de creme...
– Também está a lamber os dedos. – Harry suspirou.
– ... deixa-o com sede. Vê agora.
O homem dobrou-se, abriu o saco de desporto e do interior tirou um saco de
plástico branco. De dentro deste, tirou uma garrafa.


– Coca-Cola – sussurrou Beate. – Aumentei-a e coloquei-a numa imagem
única antes de teres chegado. É uma garrafa de Coca-Cola com uma rolha.


O homem segurou a garrafa pelo gargalo enquanto tirava a rolha. Depois
lançou a cabeça para trás, ergueu a garrafa no ar e bebeu. Viram as últimas
gotas a escoarem, mas o boné tapava a boca aberta e o rosto. De seguida
voltou a guardar a garrafa no saco de plástico, deu-lhe um nó e estava prestes
a enfiá-lo no saco de desporto quando se deteve.


– Observa. Agora está a pensar – sussurrou Beate, e num tom monocórdico
e baixo: – Quanto espaço é que o dinheiro vai ocupar? Quanto espaço é que o
dinheiro vai ocupar?


O protagonista estudou o saco de desporto. Olhou para o contentor. Depois
decidiu-se e, com um movimento rápido do braço pegou no saco, com a
garrafa no interior, traçou um arco pelo ar e fê-lo aterrar no contentor aberto.


– Cesto! – rugiu Harry.
– A multidão vai ao rubro! – gritou Beate.
– Merda! – gritou Harry.
– Oh, não – resmungou Beate, e bateu desesperada com a cabeça no
volante.


– Deviam ter acabado de sair – disse Harry. – Espera aqui!
Abriu a porta em frente de um ciclista que se teve de desviar do caminho, e
atravessou a rua a correr, entrou na loja de conveniência e dirigiu-se ao
balcão.


–   Quando  é   que levaram o   contentor?  –   perguntou   ao  rapaz   que estava
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