Aturdido, Helge olhou para a arma apontada na sua direcção.
– Tens vinte e cinco segundos antes de ele disparar. Não contra ti. Contra
mim.
A boca de Helge abriu-se e fechou-se como se quisesse dizer alguma coisa.
– Agora, Helge – disse Stine.
Tinham-se passado trinta segundos desde o início do assalto. August Schulz
quase chegara à entrada. O gerente bancário caiu de joelhos em frente da
caixa ATM e olhou para o molho de chaves. Havia quatro.
– Restam vinte segundos – ouviu-se a voz de Stine.
A esquadra da Polícia de Majorstuen , pensou Harry. Os carros-patrulha
estão a caminho . Oito quarteirões de distância. Hora de ponta de sexta-feira.
De dedos trémulos, Helge escolheu uma das chaves e enfiou-a na
fechadura. A meio ficou encravada. Empurrou-a com mais força.
– Dezassete.
– Mas... – começou ele a dizer.
– Quinze.
Helge tirou a chave e tentou uma das outras. Aquela entrou, mas não girou.
– Meu Deus...
– Treze. Usa aquela com um pedaço de fita adesiva verde, Helge.
Klementsen olhou para o molho de chaves como se as visse pela primeira
vez.
– Onze.
A terceira chave entrou. E girou. Abriu a porta, e virou-se para Stine e para
o homem.
– Há mais uma fechadura para abrir...
– Nove! – gritou Stine.
Helge soluçou ao passar a ponta dos dedos pelas extremidades denteadas
das chaves, já incapaz de ver, usando os dentes das chaves como Braille para
lhe dizerem qual a correcta.
– Sete.
Harry escutou com atenção. Ainda não se ouviam sirenes da polícia. August