– O que quer dizer com tê-lo visto? – perguntou Beate.
– Vi alguém a passar por mim no vestiário. Vestia roupa preta e larga.
Como um fato-macaco.
– Balaclava?
Grette sacudiu a cabeça.
– Talvez um boné de pala? – perguntou Harry.
– Estava a segurar qualquer coisa para a cabeça na mão. Podia ser uma
balaclava. Ou um boné de pala.
– Viu-lhe o ro...? – começou Harry, mas foi interrompido por Beate.
– Altura?
– Não sei – disse Grette. – Altura mediana. Qual é a altura mediana? Um
metro e oitenta?
– Porque é que não nos contou isso antes? – perguntou Harry.
– Porque – disse Grette, a pressionar os dedos contra o vidro – é apenas
uma sensação. Sei que não era ele.
– Como é que pode ter assim tanta certeza? – perguntou Harry.
– Porque dois dos vossos colegas estiveram aqui há alguns dias.
Chamavam-se os dois Li. – Virou a cadeira e olhou para Harry. – São da
mesma família?
– Não. O que é que eles queriam?
Grette afastou a mão. A janela ficara embaciada à volta das marcas oleosas.
– Queriam saber se Stine poderia estar de algum modo envolvida com o
assaltante. E mostraram-me fotografias do assalto.
– E?
– O fato-macaco era preto sem qualquer marca. Aquele que vi no centro
Focus tinha grandes letras brancas nas costas.
– Que letras? – perguntou Beate.
- P-O-L-I-T-I – disse Grette, a esfregar as marcas oleosas. – Depois quando
me encontrei na rua, ouvi as sirenes da polícia em Majorstuen. A primeira
coisa em que pensei foi como era estranho que os assaltantes conseguissem
fugir com uma presença policial tão grande.
– Sim, é verdade. O que é que o levou a pensar isso?