– Antes de mais, porque isto aqui é maravilhoso – disse Harry. – Segundo,
para ensinar a um forasteiro um pouco da história de Oslo. O «Os» de Oslo
significa «espinhaço», a encosta na qual estamos sentados. Espinhaço
Ekeberg. E «lo» é a planície que se pode ver daqui. – Apontou. – E terceiro,
todos os dias nos sentamos a olhar para este espinhaço e é importante
descobrir o que se encontra atrás dele, não achas?
Halvorsen não respondeu.
– Não queria fazer isto no escritório – disse Harry. – Nem no Elmer’s.
Tenho de te contar uma coisa. – Embora estivessem muito acima do fiorde,
Harry pensou sentir o sabor a sal no vento. – Eu conhecia Anna Bethsen.
Halvorsen anuiu.
– Não me pareces muito surpreendido – observou Harry.
– Calculei que fosse qualquer coisa nesse género.
– Mas há mais.
– Ah, sim?
Harry enfiou um cigarro apagado entre os lábios.
– Antes de prosseguir, tenho de te avisar. Aquilo que vou contar tem de
ficar entre nós dois, e isso poderá ser um dilema para ti. Compreendes?
Assim, se não te quiseres envolver, não preciso de dizer mais nada e ficamos
por aqui. Queres saber mais ou não?
Halvorsen perscrutou o rosto de Harry. Se estava a reflectir nalguma coisa,
não precisou de muito tempo. Assentiu.
– Alguém começou a enviar-me e-mails – disse Harry. – A respeito da
morte de Anna.
– Alguém que tu conheças?
– Não faço a mínima ideia quem possa ser. O endereço não significa nada
para mim.
– Foi por isso que me pediste ontem para tentar encontrá-lo?
– Não sou nem de longe um génio em computadores. Mas tu és. – Harry
falhou a sua tentativa de acender o cigarro ao vento. – Preciso de ajuda. Acho
que Anna foi assassinada.
À medida que o vento vindo de nordeste despia as folhas das árvores do
Ekeberg, Harry falou dos estranhos e-mails que recebera de alguém que