O trânsito abrandava depois de se passar Ulvøya. Parara de chover e a
estrada Ljan já estava seca. Passado pouco alargava-se em quatro faixas, e era
como uma linha de partida para os veículos acelerarem e partirem. Harry
olhou para Halvorsen e perguntou-se quando é que ele iria ouvir os seus
gritos. Mas Halvorsen não ouvia nada pois seguia à letra as exortações de
Travis – estava a tocar na rádio:
- Sing, sing, siiing!
– Halvorsen... - For the love you bring...
Harry baixou o som e Halvorsen lançou-lhe um olhar perplexo.
– Limpa-pára-brisas – disse Harry. – Já os podes desligar.
– Oh, sim, desculpa.
Continuaram em silêncio. Passaram pela saída de Drøbak.
– O que é que disseste ao tipo da mercearia? – perguntou Harry.
– Não vais querer saber.
– Mas ele fez uma entrega no chalé de Albu, numa quinta-feira há cinco
semanas?
– Foi o que ele disse, sim.
– Antes da chegada de Albu?
– Apenas disse que costuma entrar sozinho.
– Então tem uma chave?
– Harry, havia limites para aquilo que eu podia perguntar com o meu
pretexto fraquíssimo.
– Que pretexto é que lhe deste?
Halvorsen suspirou.
– Agrimensor provincial do concelho.
– Agrimensor provincial do con...?
– ... celho.
– O que é isso?
– Não sei.