ao mesmo tempo que ouvia chaves a sacudirem-se no exterior. Fechou a porta
do quarto atrás de si ao ouvir a porta de entrada abrir-se.
Halvorsen estava sentado no chão debaixo da janela e olhou para Harry de
olhos dilatados.
– O que foi? – sussurrou Harry.
– Eu estava prestes a sair pela janela quando o cão enlouquecido apareceu –
segredou Halvorsen em resposta. – É um Rottweiler enorme.
Harry espreitou pela janela e deparou-se com maxilares poderosos. O cão
tinha as patas encostadas à parede exterior. Ao ver Harry, o animal deu um
salto para longe da parede e começou a ladrar como se estivesse possuído.
Baba pingava-lhe dos caninos. O som de passos pesados na sala de estar.
Harry deixou-se cair no chão ao lado de Halvorsen.
– Setenta quilos, no máximo – sussurrou. – Nada de especial.
– Por favor. Já vi um Rottweiler a atacar Victor, o tratador de cães.
– Hm.
– Perderam o controle do cão durante o treino. Tiveram de coser a mão ao
agente que estava a fazer de criminoso, no Rikshospital.
– Pensei que eles usassem um acolchoamento grosso.
– E usam.
Mantiveram-se à escuta dos sons vindos do exterior. Os passos na sala de
estar tinham parado.
– Vamos sair e cumprimentá-lo? – sussurrou Halvorsen. – É apenas uma
questão de tempo até que...
– Shh.
Ouviram mais passos. A aproximarem-se da porta do quarto. Halvorsen
fechou firmemente os olhos. Como se a preparar-se para a humilhação. Ao
reabri-los, viu Harry a erguer um dedo autoritário junto dos lábios.
Depois ouviram uma voz junto à janela.
- Gregor ! Vamos! Vamos para casa!
Depois de mais alguns latidos, ficou tudo repentinamente silencioso. Agora
Harry apenas ouvia o som de uma respiração baixa e rápida, mas não sabia se
era a dele ou se a de Halvorsen.