vizinha. – Tenho uma pessoa.
Contou a Øystein o que se passava com Rakel, Oleg e o caso de tribunal em
Moscovo. E falou-lhe da sua vida em geral. Não demorou muito tempo a
fazê-lo.
Øystein falou dos outros que faziam parte do grupo de amigos que tinham
crescido em Oppsal. Contou-lhe de Sigge que se mudara para Harestua com
uma mulher que Øystein achava demasiado refinada para ele, e Kristian que
estava numa cadeira de rodas depois de ter sido atingido por um carro a norte
de Minnesund quando conduzia a sua mota.
– Os médicos deram-lhe uma oportunidade.
– Uma oportunidade de quê? – perguntou Harry.
– De voltar a ter sexo – respondeu Harry, a esvaziar o copo.
Tore ainda era professor, mas tinha-se separado de Silje.
– As hipóteses dele não são muito boas – disse Øystein. – Engordou trinta
quilos. Foi por isso que ela se pirou. É verdade! Torkild encontrou-a na cidade
e ela disse-lhe que não conseguia aguentar toda aquela banha. – Pousou o
copo. – Mas presumo que não foi por isso que ligaste?
– Não, preciso de ajuda. Estou a investigar um caso.
– A apanhar os maus? E vieste ter comigo? Céus! – A gargalhada de
Øystein transformou-se num ataque de tosse.
– É um caso em que estou pessoalmente envolvido – disse Harry. – É um
pouco difícil explicar-te tudo, mas estou a tentar encontrar alguém que me
anda a enviar e-mails . Acho que está a utilizar um servidor com clientes
anónimos, algures no estrangeiro.
Øystein assentiu pensativo.
– Então estás metido em sarilhos?
– Talvez. O que é que te faz pensar isso?
– Sou um imbecil de um motorista de táxi, que não sabe nada acerca das
últimas inovações em tecnologia de informação. E todos aqueles que me
conhecem podem dizer-te que quanto a isso não sou fiável. Resumindo, o
único motivo por que vieste ter comigo foi por eu ser um velho amigo.
Lealdade. Vou manter a boca fechada, não vou? – Bebeu uma golada longa da
nova cerveja. – De vez em quando gosto de apanhar uma bebedeira, mas não
sou estúpido, Harry. – Puxou uma baforada forte do cigarro. – Então...