relacionado com o assunto, achou que podia brincar um pouco comigo,
atormentar-me, deixar-me doido. Foi isso que aconteceu?
– Vamos, Arne! Christian quer fazer um brinde! – Um homem com um
copo e um charuto na mão encontrava-se a oscilar no cimo das escadas.
– Comecem sem mim – disse Arne. – Primeiro vou-me despedir deste
simpático cavalheiro.
O homem franziu o sobrolho.
– Sarilhos, hã?
– De modo nenhum – apressou-se Vigdis a dizer. – Vai-te juntar aos outros,
Thomas.
O homem encolheu os ombros e afastou-se.
– Outra coisa que me espanta é que, mesmo depois de ser confrontado com
a fotografia, você foi suficientemente arrogante para me continuar a enviar e-
mails – disse Harry.
– Lamento ter de me repetir, senhor agente – disse Albu, no mesmo tom
arrastado –, mas o que são esses... esses e-mails de que está sempre a falar?
– Certo. Há muitas pessoas que pensam que se podem enviar e-mails
anonimamente ao subscrever-se um servidor sem se dar o nome verdadeiro.
Isso é um erro. O meu amigo hacker acabou de me dizer que tudo,
absolutamente tudo, que se faz na Net deixa um rasto electrónico que pode
ser, e neste caso vai ser, seguido até à máquina da qual foram enviados. É
apenas uma questão de saber onde se procurar. – Harry tirou o maço de
cigarros do bolso interior do casaco.
– Preferia que não... – começou Vigdis, mas interrompeu-se.
– Diga-me, Herr Albu – disse Harry, a acender um cigarro. – Onde é que
esteve na noite de terça-feira da semana passada, entre as onze e a uma da
manhã?
Arne e Vigdis Albu trocaram um olhar.
– Podemos tratar disto aqui ou na esquadra – disse Harry.
– Ele esteve em casa – disse Vigdis.
– Como ia a dizer. – Harry expeliu o fumo pelo nariz. Sabia que estava a
exagerar, mas um bluff pouco empenhado iria falhar e agora não havia
maneira de voltar atrás. – Podemos tratar disto aqui ou na esquadra. Devo
dizer aos convidados que a festa terminou?