– Continue.
– Acho que ela a conseguiu enfiar ali dentro antes de ser assassinada. É a
fotografia da família do assassino.
– Só isso?
– Sim.
Raskol sacudiu a cabeça, olhou para Harry e voltou a sacudir a cabeça.
– Neste momento, não sei quem é o mais estúpido. Você, por deixar que o
seu amigo lhe enfie o barrete. O seu amigo, por achar que se pode manter
escondido depois de me roubar dinheiro. – Soltou um suspiro profundo. – Ou
eu, por lhe dar esse dinheiro.
Harry pensou que se iria sentir feliz ou, pelo menos, aliviado. Em vez disso,
apenas sentiu o nó no estômago a apertar-se.
– Então o que é que precisa de saber?
– Apenas o nome do seu amigo e o banco no Egipto, onde ele tenciona ir
buscar o dinheiro.
– Dar-lhe-ei essas informações dentro de uma hora. – Harry levantou-se.
Raskol esfregou os pulsos como se tivesse acabado de tirar um par de
algemas.
– Espero que não pense que me compreende, Spiuni – disse, num tom de
voz muito baixo sem erguer os olhos.
Harry deteve-se de repente.
– O que é que quer dizer com isso?
– Sou cigano. O meu mundo pode ser um mundo invertido. Sabe como se
diz Deus em romeno?
– Não.
- Devel . Diabo. Estranho, não é? Quando vende a sua alma, é bom que
saiba a quem a está a vender, Spiuni.
Halvorsen achou que Harry parecia exausto.
– Define «exausto» – disse Harry, recostando-se na cadeira do gabinete. –
Ou, pensando melhor, não o faças.
Quando Halvorsen perguntou a Harry que tal estavam a correr as coisas e
Harry pediu-lhe para definir correr , Halvorsen suspirou e saiu do gabinete