– Beba – disse Harry. – Tem muito limão. Entorpece os músculos e fá-los
descontrair para que consiga respirar com maior facilidade.
Trond obedeceu. Para grande surpresa de Harry, a bebida pareceu funcionar.
Depois de alguns goles e de um ataque de tosse, um pouco de cor regressou às
faces pálidas de Trond.
– Ulkterbl – chiou ele.
– Desculpe? – Harry afundou-se na outra cadeira da cozinha.
– Está com um aspecto terrível.
Harry sorriu e apalpou a toalha que atara à volta do pescoço. Já estava
ensopada em sangue.
– Foi por isso que vomitou?
– Não aguento ver sangue – disse Trond. – Fico... – Rolou os olhos.
– Bom, podia ter sido pior. Salvou-me a pele.
Trond sacudiu a cabeça.
– Eu estava a uma certa distância quando o vi. A única coisa que fiz foi
gritar. Não sei se foi isso que assustou o cão. Desculpe não ter conseguido
tirar o número da matrícula, mas vi que fugiram num Jeep Cherokee.
Harry rejeitou o que ele disse com um aceno da mão.
– Eu sei quem ele é.
– Oh?
– Está sob investigação. Mas talvez seja melhor dizer-me o que estava aqui
a fazer, Grette.
Trond rodou a chávena.
– Você devia mesmo ir ao hospital para lhe verem essa ferida.
– Vou pensar no assunto. Considerou aquilo de que falámos?
Trond assentiu lentamente.
– E a que conclusão chegou?
– Não o posso continuar a ajudar. – Era difícil para Harry determinar se fora
apenas a laringe ferida que fizera Trond sussurrar a última frase.
– Então onde está o seu irmão?
– Quero que lhe diga que fui eu que lho contei. Ele vai compreender.