– Está certo.
– Porto Seguro.
– Uh.
– É uma cidade no Brasil.
Harry franziu o nariz.
– Óptimo. Como é que o poderemos encontrar ali?
– Ele disse-me há pouco tempo que tem ali uma casa. Recusou-se a dar-me
uma morada, apenas me deu um número de telefone.
– Porquê? Não é um homem procurado.
– Não tenho a certeza se não o será. – Trond bebeu outro gole de chá. – De
qualquer maneira, disse que era melhor que eu não tivesse a sua morada.
– Hm. É uma cidade muito grande?
– Segundo Lev, com cerca de um milhão de pessoas.
– Certo. E não tem mais nada? Outras pessoas que o conheçam e que
possam ter a morada dele?
Trond hesitou antes de sacudir a cabeça.
– Diga – disse Harry.
– Lev e eu fomos beber um café da última vez em que ele esteve em Oslo.
Ele disse que ainda lhe sabia pior do que o costume. Disse que tinha
começado a beber cafezinhos num ahwa local.
- Ahwa ? Isso não é um café árabe?
– É. Cafezinho é uma variante brasileira e forte do espresso . Lev disse que
ia ali todos os dias. Bebe café, fuma um hookah e joga dominó com o
proprietário sírio que se transformou numa espécie de amigo. Lembro-me do
nome do homem, Muhammed Ali. Como o boxeur.
– E como mais cinquenta milhões de árabes. O seu irmão disse-lhe qual o
nome do café?
– Provavelmente, mas não me lembro. Não devem existir muitos ahwas
numa cidade brasileira, pois não?
– Talvez não. – Harry pensou que era definitivamente algo de concreto no
qual trabalhar. Estava prestes a levar uma mão à testa, mas assim que tentou
levantar a mão o pescoço doeu-lhe.