Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

– Uma última pergunta, Grette. O que é que o fez decidir-se a dizer-me
isto?


A chávena de Trond deu algumas voltas.
– Eu sabia que ele estava em Oslo.
Harry sentia a toalha à volta do pescoço como se fosse uma corda pesada.
– Como?
Trond coçou a parte inferior do queixo durante muito tempo, antes de
responder.


– Não falávamos há mais de dois anos. De repente, ele liga-me e diz que
está na cidade. Encontrámo-nos num café e tivemos uma longa conversa. Daí,
a história do café.


– Quando é que isso aconteceu?
– Três dias antes do assalto.
– Falaram a respeito de quê?
– De tudo. E de nada. Quando se conhece alguém há tanto tempo como nós,
as coisas grandes ficam frequentemente tão grandes que é das coisas pequenas
que se fala. Acerca... das rosas do nosso pai, etc.


– Que tipo de coisas grandes?
– Coisas que se fizeram que era melhor nunca terem sido feitas. E coisas
que se disseram que era melhor terem ficado por dizer.


– E em vez disso falaram de rosas?
– Eu é que tratava das rosas quando Stine e eu ficámos na casa. Foi onde eu
e Lev crescemos. Era aí que eu queria que os nossos filhos crescessem. –
Mordeu o lábio inferior. Tinha o olhar fixo na toalha plastificada castanha e
branca. A toalha fora a única coisa com que Harry ficara quando a mãe
morrera.


– Ele não disse nada a respeito do assalto?
Trond sacudiu a cabeça.
– Está consciente que nessa altura o assalto já devia ter sido planeado? Que
o banco onde a sua mulher trabalhava ia ser assaltado?


Trond   soltou  um  suspiro profundo.
– Se esse fosse o caso, eu tê-lo-ia sabido e tê-lo-ia evitado. Lev adorava
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