– Em resumo, pensámos naquilo que nos estás a dizer – apressou-se Beate a
acrescentar. – Se encontrarmos a casa, recolheremos as impressões por meios
legais.
– Ah, sim?
– Com um pouco de sorte, sem o tijolo.
Ivarsson sacudiu a cabeça.
– Isso não é suficiente. A resposta é um «não», em alto e bom som. – Olhou
para o relógio para indicar que a reunião estava terminada e acrescentou com
um ligeiro sorriso reptiliano: – Até haver mais novidades.
– Não lhe podias ter dado um osso? – perguntou Beate quando saíram do
gabinete de Ivarsson e desciam o corredor.
– Como por exemplo? – replicou Harry, a virar cuidadosamente o pescoço.
– Ele já se tinha decidido.
– Nem sequer lhe deste a oportunidade para ele nos dar bilhetes.
– Dei-lhe uma oportunidade para não lhe passarmos por cima.
– O que é que queres dizer com isso? – Pararam em frente do elevador.
– Aquilo que te disse. Neste caso deram-nos certas liberdades.
Beate virou-se para ele e olhou-o.
– Acho que estou a perceber – disse devagar. – Então o que é que vai
acontecer agora?
– Vamos-lhe passar por cima. Não te esqueças do bronzeador.
As portas do elevador abriram-se.
Mais tarde naquele mesmo dia, Bjarne Møller disse a Harry que Ivarsson
acatara a decisão do superintendente-chefe e deixara que Harry e Beate
partissem para o Brasil, e cobrassem os custos da viagem e estadia à Unidade
de Assaltos.
– Agora já estás satisfeito? – disse Beate a Harry antes de irem para casa.
No entanto, estranhamente, quando Harry passou pelo Plaza e por fim os
céus se abriram não sentiu qualquer satisfação. Apenas embaraço e exaustão,
devido à dor e à falta de sono.
- Baksheesh? – gritou Harry ao telefone. – Mas que raio é baksheesh?
– Dinheiro – disse Øystein. – Ninguém mexe um dedo neste maldito país