do irmão mais velho que trabalhava numa loja de ferragens a vender
parafusos e a odiar todos porque achava que não era tão bom como os outros.
Tom ouvira os conselhos do pai com o sorriso sarcástico que sabia que
aquele odiava. Aquilo que preocupava o pai de Tom não era a sua auto-
estima, era aquilo que os vizinhos e a família iriam pensar do facto de o filho
se transformar num «mero» polícia. O pai nunca compreendera que se podiam
odiar as pessoas mesmo que se fosse melhor que elas. Porque se era melhor.
Olhou para o relógio. Treze minutos depois das seis. Premiu uma das
campainhas do piso térreo.
– Sim – disse uma voz feminina.
– É a polícia – disse Waaler. – Podia abrir-nos a porta?
– Como é que sei que são da polícia?
Uma paquistanesa, pensou Waaler. Disse-lhe para olhar pela janela e ver os
carros-patrulha. O trinco zumbiu.
– E fique dentro de casa – disse pelo intercomunicador.
Waaler colocou um dos seus homens nas traseiras do edifício, junto às
escadas de incêndio. Depois de ver a planta do prédio na Intranet, memorizara
o local onde se situava o apartamento de Harry e descobrira que não havia
nenhuma saída de emergência com a qual se preocupar.
Waaler e dois homens, cada um com uma MP5 pendurada ao ombro,
subiram silenciosamente as escadas de madeira. No segundo piso, Waaler
parou e apontou para a porta que não tinha – e mal precisava – uma placa com
o nome. Olhou para os dois homens. Os peitos de ambos erguiam-se
arquejantes sob os uniformes. E não devido às escadas.
Enfiaram as balaclavas. As palavras-chave eram rapidez, eficácia e
determinação. Na verdade, a última significava a determinação para ser brutal
e, se necessário, matar. Isso raramente era necessário. De modo geral até os
criminosos mais endurecidos ficavam totalmente paralisados quando homens
mascarados e armados entravam nas suas casas, sem aviso. Em resumo,
usavam as mesmas tácticas de assaltantes de bancos.
Waaler preparou-se e com a cabeça fez sinal a um dos outros, que bateu
suavemente na porta com os nós dos dedos. Aquilo servia para escreverem no
relatório que tinham batido primeiro. Tom esmagou o painel de vidro com a
coronha da metralhadora, enfiou a mão pelo vidro partido e abriu a porta num
único movimento. Gritou quando irromperam os três pelo apartamento. Uma