Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

vogal ou a primeira letra de uma palavra, não tinha a certeza. Apenas sabia
que era a mesma coisa que costumava gritar quando ele e Joakim acendiam as
lanternas. Aquela era a melhor parte.


– Empadão de carne – disse Maja. Pegou no prato e lançou a Harry um
olhar desaprovador. – Nem lhe tocaste.


– Desculpa – disse Harry. – Estou sem fome. Dá os meus cumprimentos ao
chefe e diz-lhe que a culpa não é dele. Desta vez.


Maja riu-se ruidosamente e encaminhou-se para a cozinha.
– Maja...
Ela virou-se devagar. Havia algo na voz de Harry, na sua entoação que
pressagiava aquilo que vinha a caminho.


– Traz-me uma cerveja, trazes?
Ela continuou em direcção à cozinha. Não tenho nada que me meter no
assunto
, pensou ela. Limito-me a servir os clientes. Não tenho nada a ver com
isso.


– O que é que se passa, Maja? – perguntou o cozinheiro quando ela
esvaziou o prato no caixote de lixo.


– A vida não é minha – disse ela. – É dele. Doido.
O telefone no gabinete de Beate soltou um guincho rouco e ela pegou no
auscultador. Ouviu o som de vozes, gargalhadas e o bater de copos. Depois
ouviu a voz.


– Estou a incomodar-te?
Por um instante, ela ficou indecisa. A voz soava alienígena. Mas não podia
ser outra pessoa.


–   Harry?
– O que é que estás a fazer?
– Eu... estou à procura de pistas na Net. Harry...
– Então puseste na Net o vídeo do assalto ao balcão de Grensen?
– Sim, mas tu...
– Há algumas coisas que tenho de te contar, Beate. Arne Albu...
– Óptimo, mas agora ouve-me.
– Pareces-me um pouco preocupada, Beate.
Free download pdf