Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

enrugado da mulher, a tentar sorrir e parecer sério ao mesmo tempo.


– Andamos – confirmou Harry.
– Família?
– Polícia.
– Certo – disse a mulher e esboçou uma expressão fúnebre. – Pensei que
tinham vindo apresentar condolências. Ele está no court de ténis, pobre
criatura.



  • Court de ténis?
    Ela apontou.
    – Do outro lado do campo. Está ali desde as quatro horas.
    – Mas está escuro – disse Beate. – E está a chover.
    A mulher encolheu os ombros.
    – Presumo que seja pela dor. – Ela trinou de tal maneira os «r’s» que Harry
    lembrou-se da sua infância em Oppsal, e dos pedaços de cartão que
    costumavam prender às rodas das bicicletas para que estes pudessem bater
    contra os raios.


– Vejo que também cresceste no Leste de Oslo – disse Harry, quando ele e
Beate se encaminharam para o local que a mulher lhes indicara. – Ou estou
enganado?


– Não – disse Beate, pouco disposta a alongar-se.
O court de ténis situava-se a meio caminho entre os edifícios e as casas com
terraços. Ouviram o embater abafado das cordas de uma raquete numa bola de
ténis molhada. No interior da elevada vedação metálica, viram uma figura de
pé a servir na obscuridade outonal que caía rapidamente.


– Olá! – gritou Harry quando chegaram à vedação, mas o homem não
respondeu. Só agora é que viam que vestia um casaco, camisa e gravata.


– Trond Grette?
Uma bola atingiu uma poça de água escura, ressaltou, bateu na vedação e
salpicou-os com um chuveiro fino de água, que Beate desviou com o guarda-
chuva.


Beate   sacudiu o   portão.
– Ele trancou-se ali dentro – sussurrou.
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