Parece que vive sozinho.
– Repete o nome e a morada.
Beate repetiu.
– Hm. Incrível como Gunnerud conseguiu arranjar emprego numa loja de
fechaduras com um cadastro desses.
– Birger Gunnerud está listado como o dono.
– Certo. Estou a perceber. Tens a certeza de que está tudo bem?
Silêncio.
– Beate?
– Está tudo bem, Harry. O que é que vais fazer?
– Estava a pensar fazer uma visita ao apartamento dele. Ver se consigo
encontrar alguma coisa de interesse. Se conseguir, ligo-te de casa dele, para
que peças para enviarem um carro e para que possam apreender as provas
segundo os regulamentos.
– Quando é que vais?
– Porquê?
Outro silêncio.
– Para ter a certeza de que estou em casa quando ligares.
– Amanhã às onze. Espero que a essa hora ele esteja a trabalhar.
Depois de desligar, Harry ficou a olhar para o céu nocturno e enublado que
se arqueava sobre a cidade como uma abóbada amarela. Ouvira a música em
ruído de fundo. Apenas um pouco, mas o suficiente. Purple Rain de Prince.
Enfiou uma moeda na ranhura e marcou o número das informações.
– Preciso do número de telefone de Alf Gunnerud...
O táxi deslizou através da noite como um peixe negro e silencioso,
passando por semáforos, por candeeiros de rua e pelo letreiro que indicava o
centro da cidade.
– Não nos podemos continuar a encontrar assim – disse Øystein. Olhou
pelo espelho e viu Harry a vestir o blusão preto que ele trouxera de casa.
– Tens o pé-de-cabra? – perguntou Harry.
– Está no porta-bagagens. E se o tipo estiver em casa?