Escureceu cedo, e às três da tarde os candeeiros de rua já estavam acesos.
Um fotograma parado do assalto em Grensen tremeluzia no ecrã da Casa da
Dor, quando Harry entrou.
– Chegaste a alguma conclusão? – perguntou ele, a apontar com a cabeça
para a imagem que mostrava o Executor em acção.
Beate sacudiu a cabeça.
– Estamos à espera.
– Que ele ataque de novo?
– Ele está sentado algures, a planear outro assalto neste exacto momento.
Acho que vai acontecer algures durante a próxima semana.
– Pareces ter a certeza.
Ela encolheu os ombros.
– Experiência.
– Tua?
Ela sorriu, mas não respondeu.
Harry sentou-se.
– Espero que não tenhas ficado chateada por eu não ter feito aquilo que
disse ao telefone.
Beate franziu a testa.
– O que é que queres dizer com isso?
– Eu disse que só ia revistar o apartamento hoje.
Harry observou-a. Ela parecia total e verdadeiramente perplexa. Bem,
Harry não trabalhava para os Serviços Secretos. Estava prestes a falar, mas
depois mudou de ideias. Em vez disso, Beate perguntou:
– Há uma coisa que tenho de te perguntar, Harry.
– Pergunta.
– Sabias do meu pai e de Raskol?
– Sabia o quê?
– Que Raskol estava... no banco naquele dia. Ele atingiu o meu pai.
Harry baixou os olhos. Examinou as mãos.