Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

Harry respondeu que, na eventualidade de existir uma investigação a respeito
do caso, ele ver-se-ia obrigado a referir a «rédea solta» que o superintendente-
chefe e Møller lhe tinham dado na busca do Executor, mais a autorização
deles de uma viagem ao Brasil sem informar a polícia brasileira.


Bjarne Møller sorrira sarcasticamente e dissera que presumia que eles iriam
concluir que não seria necessária qualquer investigação, ou na verdade
qualquer resposta.


O vestíbulo estava silencioso. Harry rasgou a fita plástica da polícia em
frente da porta do seu apartamento. Tinham encaixado um pedaço de cartão
por cima do painel partido.


Ficou de pé a examinar a sala de estar. Weber explicara que tinham tirado
fotografias do apartamento antes de terem começado a revistá-lo, de modo
que depois tudo pudesse ser colocado no seu devido lugar. Apesar disso, não
conseguia evitar sentir que mãos e olhos alienígenas tinham estado ali. Não
que houvesse muito para esconder – algumas cartas apaixonadas mas antigas,
uma embalagem aberta de preservativos que passara há muito da data de
validade, e um envelope que continha fotografias do cadáver de Ellen Gjelten.
Tê-las em casa poderia ser considerado como algo de pervertido. Para além
disso, uma revista pornográfica, um disco de Bonnie Tyler e um livro de Linn
Ullmann.


Harry olhou durante muito tempo para a luz vermelha que piscava no
atendedor de chamadas antes de a pressionar. A voz familiar de um rapaz
encheu a sala que agora lhe parecia estranha.


«Olá, somos nós. Decidiram hoje. A mamã está a chorar, por isso disse-me
para eu dizer...»


Harry preparou-se e respirou fundo.
«Partimos amanhã.»
Harry conteve a respiração. Será que o tinha ouvido correctamente?
Partimos amanhã?


«Ganhámos. Devias ter visto as caras deles. A mamã disse que toda a gente
pensava que íamos perder. Mamã, não queres... não, ela só está a chorar.
Agora vamos ao McDonald’s celebrar. A mamã está a perguntar se nos vais
buscar? Adeus.»


Ouviu Oleg a respirar para o telefone e alguém a assoar-se e a rir-se. Depois
de novo a voz de Oleg, um pouco mais baixa:

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