dramatismo exagerado e sem qualquer sentido de arte.
– Tenho uma colega que se chama Beate Lønn. Não pôde estar aqui hoje
porque foi dar uma prelecção numa conferência da polícia na Alemanha, a
respeito da possibilidade de reconhecer criminosos mascarados com a ajuda
da manipulação computorizada de imagens e o fusiform gyrus. Ela tem um
talento especial inato: consegue reconhecer todos os rostos que já viu na vida.
Aune assentiu.
– Conheço esse fenómeno.
– Quando lhe mostrei estes quadros, ela reconheceu as pessoas.
– Oh? – Aune ergueu uma sobrancelha. – Conta-me mais.
Harry apontou.
– O que se encontra à esquerda é Arne Albu, o do meio sou eu e o último é
Alf Gunnerud.
Aune semicerrou os olhos, endireitou os óculos e tentou olhar para os
quadros de diferentes distâncias.
– Interessante – murmurou ele. – Extremamente interessante. Só consigo
ver a forma de cabeças.
– Só queria saber se tu, como testemunha especializada, podes aceitar que
esse tipo de reconhecimento é possível. Poderia ajudar-nos a fazer mais
associações entre Gunnerud e Anna.
Aune sacudiu a mão.
– Se aquilo que estás a dizer a respeito de frøken Lønn é verdadeiro, ela
poderia ter reconhecido um rosto com um mínimo de informação.
De novo no exterior, Aune disse que estava ansioso por conhecer Beate
Lønn profissionalmente.
– Presumo que seja detective?
– Da Unidade de Assaltos. Trabalhei com ela no caso do Executor.
– Oh, sim. Que tal está a correr?
– Bem, não temos muitas pistas. Têm estado à espera de que ele volte a
atacar, mas ainda não aconteceu nada. Na verdade, é estranho.
Na Bogstadveien, Harry reparou nos primeiros flocos de neve a rodopiarem
ao vento.