O
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Malaguetas
s primeiros raios de sol tinham começado a erguer-se acima da
cumeeira do Ekeberg, a espreitarem sob os estores meio-corridos da sala de
reuniões da Brigada Criminal, e enfiaram-se entre as pregas de pele dos olhos
semicerrados de Harry. Rune Ivarsson encontrava-se de pé na extremidade da
longa mesa, pernas afastadas, a baloiçar-se para a frente e para trás sobre a
sola dos pés, as mãos atrás das costas. Um flip chart com BEM-VINDOS escrito
a letra vermelha atrás dele. Harry presumiu que aquilo era algo que Ivarsson
aprendera nalgum seminário acerca de apresentações, e fez uma tentativa
pouco empenhada para reprimir um bocejo quando o chefe da Unidade de
Assaltos começou a falar.
– Bom dia a todos. Nós oito reunidos à volta desta mesa constituímos a
equipa que irá investigar o assalto ao banco cometido na passada sexta-feira,
na Bogstadveien.
– Homicídio – murmurou Harry.
– Desculpa?
Harry endireitou-se na cadeira. O maldito sol cegava-o, para onde quer que
se virasse.
– Parece-me que seria mais correcto basear a investigação no facto de ter
sido um homicídio.
Ivarsson esboçou um sorriso irónico. Não a Harry, mas aos outros sentados
à volta da mesa que abrangeu com um olhar fugaz.
– Pensei que devia começar por vos apresentar uns aos outros, mas o nosso
amigo da Brigada de Homicídios já se me adiantou. O inspector Harry Hole
foi-nos amavelmente cedido pelo seu superior, Bjarne Møller, já que a sua
especialidade é o homicídio.
– Crimes Graves – disse Harry.
– Crimes Graves. À esquerda de Hole, temos Torleif Weber do
Departamento Forense que conduziu a investigação no local do crime. Como
muitos de vocês sabem, Weber é o nosso investigador forense mais
experiente. Famoso pelas suas capacidades analíticas e uma infalível intuição.