Público - 14.10.2019

(Barry) #1

12 • Público • Segunda-feira, 14 de Outubro de 2019


POLÍTICA


O ex-vice-presidente do CDS, Adolfo
Mesquita Nunes, assumiu ontem, na
sua conta de Facebook, que não vai
disputar a liderança do CDS, na
sucessão da presidente demissioná-
ria, Assunção Cristas, que se demi-
tiu na noite de domingo, após a
divulgação dos resultados eleitorais
em que o seu partido elegeu apenas
cinco deputados e obteve 4,25% dos
votos.
“Não serei candidato à liderança
do partido, em coerência aliás com
uma escolha que Æz em Março deste
ano, cuja fundamentação se man-
tém”, escreve Adolfo Mesquita
Nunes, justiÆcando a sua decisão
com a opção feita em Março de aban-
donar os cargos de direcção no CDS
por ter aceitado ser administrador
não-executivo da Galp.
Responsável pela coordenação da
elaboração do programa eleitoral do
CDS, Adolfo Mesquita Nunes explica
que “tinha como objectivo não falar
em público do CDS nem dos seus
desaÆos futuros antes de o fazer no
Conselho Nacional do partido, que
decorrerá esta quinta-feira”. Mas
decidiu quebrar esse silêncio para
que a ele “não pudesse corresponder
qualquer signiÆcado político de acei-
tação de um desaÆo do António Pires
de Lima”.
ReÆra-se que, em entrevista à Ante-
na 1, o antigo dirigente do CDS Antó-
nio Pires de Lima aÆrmou que dese-
java ver “o talento” de Adolfo Mesqui-
ta Nunes “posto à prova numa função
de liderança na política”. Consideran-
do: “Acho que seria um grande des-
perdício para o CDS se isso não viesse
a acontecer no nosso partido”.
Mesquita Nunes garante, porém,
que estará “presente na discussão
sobre os desaÆos do CDS e sobre a
necessidade de construir uma alter-
nativa mobilizadora ao socialismo”.
AÆrma ainda: “Estarei com toda a
certeza presente no Congresso do
CDS, dando em liberdade conta das
minhas opiniões”.


Adolfo


afasta-se da


liderança


do CDS


Partidos


São José Almeida


Ex-vice-presidente do CDS


disse não ao desafio que lhe


tinha sido lançado por


António Pires de Lima


[email protected]


A Aliança decidiu no sábado passar
a ter dois porta-vozes e manter
como líder partidário Pedro Santa-
na Lopes com “total conÆança” e
“em ambiente de optimismo”, disse
à Agência Lusa o dirigente Bruno
Ferreira Costa.
Bruno Ferreira Costa, que é o
novo porta-voz do partido, em con-
junto com Daniela Antão, transmitiu
à Lusa os resultados da reunião do
Senado Nacional do Aliança. Santa-
na Lopes mantém-se presidente do
partido, com “total conÆança e total
empenho naquilo que é uma luta
comum, em ambiente de optimis-
mo”, declarou.
No que respeita aos cargos partidá-
rios, Bruno Ferreira Costa assume
também as funções de director exe-
cutivo da Aliança, até agora exercidas
por Luís Cirilo, o anterior porta-voz.
Segundo o novo porta-voz, nesta
reunião do Senado Nacional, que
durou cerca de cinco horas e meia,
“pese embora os resultados negati-
vos” nas eleições legislativas de
domingo passado, houve “grande
entusiasmo e crença no projecto da
Aliança”. Foi também aprovado o
regulamento para as eleições para
os órgãos distritais do partido, a
realizar dentro de 60 dias, adiantou
Bruno Ferreira Costa.
Formalizado em Outubro de 2018
junto do Tribunal Constitucional, o
novo partido Aliança, fundado pelo
ex-presidente do PSD Pedro Santana
Lopes, estreou-se em eleições nas
europeias de Maio deste ano, após
eleger os seus órgãos nacionais em
Congresso, em Fevereiro.
Nas eleições para o Parlamento
Europeu, realizadas em 26 de Maio,
foi a sétima força política mais vota-
da, com 61.652 votos, 2% do total, não
elegendo nenhum eurodeputado.
Nas legislativas de 6 de Outubro
também não conseguiu nenhum
eleito e Æcou em décimo lugar, com
39.318 votos em território nacional,
0,77% do total, quando faltam ainda
apurar os votos nos círculos da emi-
gração.

Santana


mantém-se


na liderança


da Aliança


Partidos


Bruno Ferreira Costa é o
novo porta-voz do partido.
O antigo primeiro-ministro
Pedro Santana Lopes
mantém-se na presidência

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

João Cotrim Figueiredo deverá apresentar propostas em matéria fiscal no próximo Orçamento do Estado

O deputado da Iniciativa Liberal (IL),
João Cotrim Figueiredo, vai votar
contra o Programa do Governo e
revela que as suas primeiras propos-
tas serão de desagravamento fiscal
perante um Parlamento onde se quer
sentar ao meio, “o mais longe dos
extremos possível”.
“Já sabemos o que é que o PS vai
querer fazer, não vai divergir daquilo
que foi o seu programa de campa-
nha. A IL vai ser sempre uma oposi-
ção clara e firme ao socialismo em
Portugal, e entenda-se socialismo
por todas as medidas que aumentem
o poder do Estado e diminuam o
poder das pessoas. Como sabemos
que o programa do PS vai nesse sen-
tido, não me refugio na resposta pro-
tocolar, dou já a resposta: vamos
votar contra o programa de Gover-
no”, anuncia em entrevista à Lusa.
Cotrim Figueiredo revela também

Deputado da Iniciativa


Liberal vai votar contra


Programa de Governo


que se quer sentar “o mais longe dos
extremos possível” no plenário, sen-
tando-se a meio do hemiciclo, refe-
rindo que o seu partido tem um
“agnosticismo” relativamente à divi-
são esquerda-direita.
Gestor e empresário, que foi pre-
sidente do conselho directivo do
Turismo de Portugal entre 2013 e
2016, Cotrim Figueiredo não adianta
como a IL vai votar o Orçamento do
Estado, mas é nessa sede que a IL
“provavelmente” apresentará as suas
primeiras medidas, o desagravamen-
to fiscal que é a bandeira dos liberais,
com uma taxa de IRS única de 15%.
“Esta proposta tem sido vista
alternadamente como uma forma
de reduzir impostos ou uma forma
de revolucionar a maneira como os
impostos sobre o rendimento são
pensados. Ela tem, de facto, um
aspecto importante, de desagrava-
mento fiscal, mas tem, sobretudo,
dois aspectos qualitativos a que nós
damos porventura mais importân-
cia: um, primeiro, de simplifica-
ção”, sustenta.
O outro aspecto da proposta é o do
combate à fuga de talentos, com a
emigração para ambientes fiscal-
mente mais atractivos. Cotrim Figuei-
redo argumenta que Portugal está a

“perder talentos”, os seus “quadros
mais qualificados, que entram no
segundo, terceiro, quarto ano das
suas vidas profissionais, e que facil-
mente entram no terceiro ou quarto
escalão [de IRS], onde já têm taxas
marginais de 38 ou 40%”.
O deputado da IL, Cotrim Figuei-
redo, reconhece que serão “mais
prováveis entendimentos com PSD
e o CDS em matérias económicas do
que com o PS”, mas ressalva que,
“noutras matérias, se calhar, há
outros alinhamentos mais naturais”,
recusando uma plataforma de
entendimento privilegiada com
sociais-democratas e centristas.
E admite a criação de uma nova
comissão eventual em que se possa
discutir soluções que efectivamente
produzam resultados no combate à
corrupção, com abertura para rever
a Constituição, se for preciso. “Penso
que é a forma regimental mais cor-
recta, uma nova comissão eventual
parlamentar que de uma vez por
todas possa chamar mesmo toda a
gente que possa ter contributos a dar
nesta área ao nível das soluções e
ponderar bem todos os prós e con-
tras que as soluções possam ter e
preparar alguma coisa de concreto
em sede legislativa”, defende.

Em entrevista à Lusa, João
Cotrim Figueiredo defende
a criação de uma comissão
parlamentar para
combater a corrupção

Partidos

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