Público - 14.10.2019

(Barry) #1

28 • Público • Segunda-feira, 14 de Outubro de 2019


MUNDO


O Governo do Equador pediu ontem
uma sessão extraordinária da Orga-
nização dos Estados Americanos
(OEA) para denunciar uma tentativa
de derrube da ordem democrática,
após ter colocado o exército nas
ruas para estancar protestos contra
o Æm dos subsídios ao combustível,
que Æzeram disparar os preços.
O exército saiu às ruas este Æm-de-
semana para impor o recolher obri-
gatório imposto pelo Presidente
Lenín Moreno, em resposta às vio-
lentas manifestações do movimento
indígena, que duram há dez dias.
O Presidente considera que os
manifestantes estão a tentar alterar
“a ordem democrática”. Repetiu a
acusação de que o seu antecessor,
Rafael Correa, e o Presidente da
Venezuela, Nicolas Maduro, estão
por trás da violência.
O movimento indígena do Equa-
dor protesta contra medidas de aus-
teridade impostas pelo Governo, em
resposta a uma recomendação do
Fundo Monetário Internacional. O
Presidente decretou recolher obri-
gatório, imposto por forte disposi-
tivo militar.
Há já cinco mortos e mais de 30
pessoas foram detidas, com grupos
de manifestantes a destruir edifícios
governamentais e sedes de meios de
comunicação social.
No sábado, o movimento indígena
aceitou sentar-se à mesa com o Pre-
sidente. O escritório da ONU em
Quito e a conferência de bispos do
Equador anunciaram que conÆam
“na vontade de todos para estabele-
cer um diálogo de boa-fé”. Mas a
Confederação das Nações Indígenas
do Equador disse que, embora estan-
do disponível para negociações,
continuaria os protestos nas ruas.
Os manifestantes protestam
sobretudo contra a eliminação de
um subsídio do preço dos combus-
tíveis, que fez subir para preços
recorde a variedade mais popular
de gasolina e provocou a o aumento
de vários produtos essenciais.
Lusa

Equador


pede reunião


de urgência


da OEA


América


Lenín Moreno diz que os
protestos violentos são
uma tentativa de derrube
do regime democrático e
acusa o ex-Presidente

Cerca de 27 mil militares das Forças
de Autodefesa do Japão e trabalhado-
res de serviços de emergência foram
mobilizados no Japão este domingo
para salvar pessoas deixadas isoladas
e para lutar contra os efeitos das chu-
vas e cheias provocadas pelo tufão
Hagibis — um dos piores a atingir o
país na história recente.
Pelo menos 33 pessoas morreram
e 170 Æcaram feridas, de acordo com
o último balanço oÆcial, e 17 pessoas
estão desaparecidas. Há 177 feridos
e cerca de 370 mil casas Æcaram sem
electricidade, 15 mil sem abasteci-
mento de água. Muitas pessoas
foram salvas de barco ou de helicóp-
tero — mas uma idosa que estava a
ser retirada de via aérea de um local
onde estava isolada, em Iwaki, na
região de Fukushima, caiu de uma
altura de 40 metros e morreu.
Um cargueiro que estava ancora-
do ao largo de Kawasaki, a sul de
Tóquio, foi encontrado afundado
perto da capital, depois de as auto-
ridades lhe terem perdido o rasto,
diz a Reuters. Os media relatam que
pelo menos cinco dos 12 tripulantes
morreram.
As rajadas de vento do Hagibis
uma palavra que quer dizer “veloz”
na língua Ælipina tagalog — chegaram
a 200km/hora em Tóquio, relata a
Agência Meteorológica do Japão, cita-
da pela Lusa. A chuva foi tanta, que
a agência emitiu um alerta de “chuva
máxima”, reservado para situações
de “previsível catástrofe”.
O tufão fez transbordar das mar-
gens 142 rios, noticiou a televisão
NHK, e grandes porções de várias
cidades Æcaram debaixo de água.
Na cidade de Sano, em Tochigi, a
enchente no rio Akiyama afectou
uma área residencial. Em Kawagoe,
o rio Ope deixou cerca de 260 idosos
presos num lar. Em Tóquio, o rio
Tama excedeu o limite, inundando
os pisos térreos de vários edifícios,
incluindo um hospital.
Mais de sete milhões de pessoas
foram aconselhadas a deixar as suas
casas, mas o tufão paralisou os ser-


Japão mobiliza milhares


de militares para socorrer


vítimas do tufão Hagibis


viços de transportes na região de
Tóquio, e perturbou alguns aero-
portos. Por isso, um de três dezenas
de portugueses Æcou retido este Æm-
de-semana em Osaka, apesar de não
terem sido registados grandes inci-
dentes nesta cidade. “Os voos da
Emirates para sábado e domingo
foram cancelados”, disse à Lusa Isa-
bel Parreira, uma das turistas por-
tuguesas.
Devido à lotação dos aviões, o gru-
po conseguirá regressar a Portugal
apenas entre quarta e quinta-feira,
em dois voos diferentes.
Dezenas de milhares de pessoas
foram acolhidas em centros de abri-
go. Kiyokazu Shimokawa, de 71 anos,
contou que esperou toda a noite com
a sua mulher e mãe até terem sido
Ænalmente salvos por volta das três
da manhã. “Cometi o erro de pensar
que desde que Æcássemos no segun-
do andar da casa, estaríamos segu-
ros”, contou à Reuters, já num centro
de acolhimento. “Quando percebe-
mos que tínhamos de fugir, já era
tarde demais — a água subiu rápido
demais.”
Rie Hasegawa, de 30 anos, disse
nunca ter imaginado que a cidade
onde morava, bem longe de qual-
quer curso de água, pudesse ser
inundada. “A força da água era incrí-
vel. Era escura, assustadora, achei
que era o Æm”, recordou.

Ásia


Tempestade fez os rios


transbordar das margens e


trouxe chuva catastrófica.


Foi a maior a afectar o país


nos últimos anos


JIJI PRESS JAPAN/EPA

Os rios saíram das margens e provocaram cheias. Há milhares de pessoas em centros de emergência
JIJI PRESS JAPAN/EPA

KIM KYUNG-HOON/REUTERS
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