Público • Segunda-feira, 14 de Outubro de 2019 • 47
DESPORTO
Foi no Verão do ano passado, quando
se treinava para o torneio de Cincin-
nati, que a mulher de Daniil Medve-
dev teve uma premonição: “Vais
entrar no top 10 em breve.” O tenista
russo, então 63.º do ranking, ironi-
zou, pois nesse treino perdeu um set ,
com Lucas Pouille, por 0-6. Desde
então, Medvedev (nome russo deri-
vado de “urso”) ganhou seis torneios
e está a atravessar uma fase de inven-
cibilidade: conquistou o quarto título
da época e terceiro em dois meses, no
Rolex Shanghai Masters, e garantiu a
subida ao terceiro lugar do ranking.
“Alguma coisa no meu jogo fez ‘cli-
que’, não sei porquê, talvez seja ape-
nas todo o trabalho duro que tenho
feito. Comecei a compreender melhor
o meu jogo, talvez mais o meu servi-
ço, o meu vólei, tudo”, resumiu Med-
vedev, após a sua sexta final consecu-
tiva, em que derrotou Alexander
Zverev (6.º), por 6-4, 6-1. Uma série
iniciada no início de Agosto e que o
viu triunfar também no Masters 1000
de Cincinnati e São Petersburgo.
Com excepção do Big Four (Djoko-
vic, Nadal, Federer e Murray), apenas
outros cinco tenistas tinham vencido
dois Masters 1000 consecutivos: Zve-
rev (2017), David Nalbandian (2007),
Marat Safin (2004), Andy Roddick
(2003) e Andre Agassi (2001).
A nova questão a que Medvedev
tem de responder é se pode chegar a
líder do ranking. “O meu primeiro
objectivo é ganhar cada encontro que
faço e é assim que posso a vir a ser
número um, ganhando muitos encon-
tros consecutivamente, como fiz”,
reconheceu o russo de 23 anos.
Em Linz, Cori Gauff tornou-se a
mais jovem campeã de um evento do
WTA Tour desde 2004. A norte-ame-
ricana de 15 anos chegou à Áustria no
100.º posto, foi repescada após per-
der no qualifying e venceu, na final, a
campeã de Roland Garros de 2017,
Jelena Ostapenko (72.ª), por 6-3, 1-6 e
6-2. Esta semana, deverá surgir perto
do 70.º lugar do ranking.
Medvedev, o
“urso” russo,
não quer
hibernar
Ténis
Pedro Keul
Triunfo no Masters 1000 de
Xangai garante subida ao
terceiro lugar do ranking.
Cori Gauff brilhou em Linz
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Breves
Râguebi
Andebol
A selecção do
Japão já fez história
no “seu” Mundial
FC Porto derrotado
pelo Veszprém na
Liga dos Campeões
Quatro jogos, quatro vitórias e
uma enorme lufada de ar
fresco numa modalidade em
que a monotonia tem sido a
regra dominante. Com mais
uma exibição de enorme
qualidade, o Japão derrotou
ontem a Escócia, por 28-21, em
Yokohama, e tornou-se a
primeira selecção da Ásia a
chegar aos quartos-de-final de
um Campeonato do Mundo de
râguebi. Com o primeiro lugar
no Grupo A, os “ Brave
Blossoms ” afastam-se do
caminho da Nova Zelândia e
vão defrontar, dentro de uma
semana, a África do Sul, num
torneio que disputam em casa.
No Grupo D, o País de Gales
ficou-se pelos serviços
mínimos ao bater o Uruguai,
com ponto de bónus, por 35-13.
O FC Porto perdeu ontem por
38-28 com o vice-campeão
europeu Veszprém, na
Hungria, em jogo referente à
4.ª jornada do grupo B da Liga
dos Campeões de andebol. A
formação portista, que ao
intervalo perdia por 19-16,
somou a segunda derrota em
quatro partidas nesta fase de
grupos e foi alcançada, no
quarto lugar, pelos húngaros
do Veszprém, sendo que
ambas as equipas somam
quatro pontos. Os “dragões”
recebem no próximo sábado a
formação ucraniana do Motor
Zaporozhye, que ainda não
venceu qualquer jogo, numa
partida de crucial importância
para as aspirações da equipa
portuguesa quanto à
passagem à fase seguinte, ao
alcance das seis mais bem
classificadas do grupo.
A jornada de ontem de qualiÆcação
para o Euro 2020 trouxe a distinção
entre os “tubarões” e os “outros”.
Por um lado, o grupo C viu Alemanha
e Holanda distanciarem-se relativa-
mente à Irlanda do Norte, separando
os favoritos do outsider. Por outro,
viu-se uma Rússia cilindrar Chipre
rumo ao Euro 2020, cravando dis-
tâncias consideráveis entre as equi-
pas do grupo I. Também a Polónia
garantiu a qualiÆcação para o Euro-
peu, ontem, no grupo G.
Na Estónia, a Alemanha venceu
(0-3), mas teve um jogo de contornos
estranhos. A partida começou logo
“torta” para os germânicos e, sobre-
tudo, para Emre Can. Aos quatro
minutos, o médio (ontem jogou na
defesa) desperdiçou uma boa opor-
tunidade de golo e, aos 14’, foi expul-
so. Depois de um erro na recepção
de bola, teve de travar em falta um
jogador estónio que se isolava. Ten-
do feito a falta ainda fora da área — e
apesar de ter tentado jogar a bola —,
Can viu cartão vermelho por cortar
uma clara oportunidade de golo.
A restante primeira parte foi mui-
to complicada para os alemães, já
que a Estónia continuou a defender
com as linhas muito baixas, como se
nada tivesse acontecido, mas come-
çou a ter boas saídas em transição. E
conseguiu, até, um par de boas opor-
tunidades (18’ e 31’).
Em inferioridade numérica, a Ale-
manha tinha o controlo do jogo e
circundava a área estónia, mas ape-
nas isso. O jogo parecia só poder ser
desbloqueado num lance de bola
parada ou numa jogada fortuita e foi
o que aconteceu. Reus “avisou” de
livre directo, perto do intervalo, e
Gundogan desbloqueou o jogo num
lance confuso, aos 52’. Ressaltos jun-
to à área estónia deixaram a bola
“solta” para o remate que ainda des-
viou num defesa.
No primeiro jogo entre as duas
equipas, na Alemanha, a Estónia já
perdia por 3-0 aos 20’ e o jogo aca-
bou nos oito. O motivo ficou patente
Noite de sofrimento
e de aproveitamento
de “ match points ”
ontem, já que, com a partida desblo-
queada, pouco mais a Estónia con-
seguiu fazer para impedir Gundogan
(novamente com um desvio) e Wer-
ner de decidirem a partida.
A Alemanha teve um bom resulta-
do num jogo que chegou a estar difí-
cil, enquanto a Holanda teve um
curto 1-2 num jogo fácil. Na Bielorrús-
sia, o jogo foi desbloqueado aos 32’,
com um cruzamento de Promes a
sair perfeito para o cabeceamento de
Wijnaldum. Oito minutos depois, o
médio do Liverpool bisou (quinto
golo em seis jogos), com um grande
remate de fora da área. O conforto
acabou por ser inimigo da equipa de
Koeman, já que, aos 55’, houve faci-
litismo na defesa holandesa, deixan-
do os bielorrussos em situação de
três contra dois na área. Dragun
cabeceou para o 2-1, mas o restante
jogo foi disputado em ritmo “morno”
e a Holanda segurou a vantagem.
Rússia e Polónia já lá estão
Nenhum outro grupo evidencia tan-
to desequilíbrio como o grupo I e,
ontem, a Rússia tornou-se uma das
quatro equipas já apuradas para o
Campeonato da Europa descentrali-
zado do próximo ano.
Os russos só precisavam de um
empate em Chipre para estarem no
Euro 2020, mas superaram a “tarifa
mínima”, vencendo por 0-5.
Na Polónia, a equipa da casa con-
firmou o estatuto teórico de melhor
equipa do grupo G e superou a Mace-
dónia, por 2-0. Em Varsóvia, os golos
surgiram apenas nos últimos 15
minutos, por Frankowski e Milik.
A Rússia e a Polónia,
a precisarem de vencer,
juntaram-se à Bélgica
e à Itália como equipas
apuradas para o Euro 2020
Futebol internacional
Diogo Cardoso Oliveira
[email protected]
CLASSIFICAÇÕES
GRUPO C
Jornada 7
Bielorrússia-Holanda 1-2
Estónia-Alemanha 0-3
J V E D G P
- Holanda 6 5 0 1 19-7 15
- Alemanha 6 5 0 1 20-6 15
- Irlanda do Norte 6 4 0 2 8-7 12
- Bielorrússia 7 1 1 5 4-12 4
- Estónia 7 0 1 6 2-21 1
GRUPO G
Jornada 8
Polónia-Macedónia do Norte 2-0
Eslovénia-Áustria 0-1
J V E D G P
- Polónia 8 6 1 1 13-2 19
- Áustria 8 5 1 2 17-7 16
- Macedónia da Norte 8 3 2 3 10-11 11
- Eslovénia 8 3 2 3 13-8 11
- Israel 7 2 2 3 12-14 8
- Letónia 7 0 0 7 1-24 0
GRUPO I
Jornada 8
Cazaquistão-Bélgica 0-2
Chipre-Rússia 0-5
Escócia-São Marino 6-0
J V E D G P - Bélgica 8 8 0 0 30-1 24
- Rússia 8 7 0 1 27-4 21
- Chipre 8 3 1 4 13-12 10
- Escócia 8 3 0 5 11-17 9
- Cazaquistão 8 2 1 5 9-13 7
- São Marino 8 0 0 8 0-43 0
A Alemanha obteve uma vitória atribulada na Estónia
INTS KALNINS/REUTERS
GRUPO E
Jornada 7
Hungria-Azerbaijão 1-0
País de Gales-Croácia 1-1
J V E D G P
- Croácia 7 4 2 1 14-6 14
- Hungria 7 4 0 3 8-9 12
- Eslováquia 6 3 1 2 10-8 10
- País de Gales 6 2 2 2 6-6 8
- Azerbaijão 6 0 1 5 5-14 1