doutor». Maria de Jesus dorme por lá. O palacete está posto em desassossego
sem o mando da governanta e Rosália anda num virote por causa das compras,
das despesas e do que, nessa altura, abalou e abanou o quotidiano da residência
oficial. «Estivemos sozinhas em casa. A dona Maria passou uns oito dias na
Cruz Vermelha. Era eu que mandava fazer alguns recados e comprar pão»,
conta Rosália.
Pedem-lhe, por esses dias, que ajude a transportar de São Bento para a Casa
de Saúde a poltrona de pele preta de Salazar. Com um polícia a segurar num
braço e ela noutro, Rosália assim aparece, com um puxo atando o cabelo, nas
páginas dos matutinos da época, carregando o cadeirão preferido do doente
para o quarto onde ele apresenta, aos primeiros sintomas pós-operatórios, boa
cara e apetite.
As criadas levam todos os dias à Cruz Vermelha, onde Salazar está internado, «mimos» provenientes
de São Bento, entre os quais ovos das capoeiras mandadas construir pela governanta. Rosália
aparece de perfil, à direita, de cabelo puxado, blusa branca.