Maeve Haran - A Dama do Retrato PT (2013)

(Carla ScalaEjcveS) #1

de uma grande multidão oferecer-lhes maior anonimato ou tornar mais provável que fossem
descobertos?
Os dois homens riram-se do comentário e continuaram a remar como se o rio estivesse
plácido como um lago. Porém, Frances agarrava-se com força, servindo-se das duas mãos,
sentindo a água a molhar-lhe o rosto e o vento cortante nas faces, temendo poder terminar aquela
noite numa sepultura aquática em vez de num leito nupcial.



  • Ouviu a triste história do que aconteceu à estalajadeira de The Bear, aqui há poucos meses,
    senhora? – perguntou o homem chamado Benjamin, aparentemente cheio de vontade de lha
    contar.
    Frances abanou a cabeça.

  • Atirou-se ao rio e afogou-se – revelou o outro, roubando a Benjamin a revelação dramática.

  • E era uma mulher bem bonita, que fora dona da White Horse, na Lombard Street. –
    Benjamin tentava recuperar o protagonismo, gritando para se fazer ouvir acima do vento. –
    Conhece a White Horse, senhora?

  • Parece-te que ela conheça aquele lugar grosseiro como o inferno?
    Frances estremeceu, perguntando-se o que levaria uma jovem bonita a procurar a morte num
    rio.

  • Dizem que sofria da doença verde. – Era óbvio que Benjamin sentia que o seu drama
    precisava de alguma explicação. – E nós sabemos a cura para isso. As atenções de um marido!
    A visão tranquilizadora da Ponte de Londres já ia ficando mais próxima e ouviam o marulhar
    da água a embater nos botaréus que a sustentavam.
    Em vez das escadas habituais que ascendiam do rio, The Bear tinha o seu próprio
    ancoradouro, pois era ali que os botes cobertos faziam uma paragem nas viagens de e para
    Greenwich e Gravesend.
    Trémula, Frances levantou-se, com um dos barqueiros a ajudá-la a equilibrar-se enquanto
    saía do barco agitado para o ancoradouro.
    Afetando uma confiança maior do que a que sentia, atravessou o terreno em direção à
    estalagem. Tinha parado por um instante para ganhar coragem quando um braço forte a apanhou
    e uma mão lhe tapou a boca, sentindo-se puxada para uma espécie de caramanchão.

  • Silêncio, querida!
    As palavras ternas contrastavam com a força dos seus braços, pelo que Frances demorou um
    tudo-nada a compreender que o seu atacante era, na verdade, o duque.

  • Charles – sussurrou por fim. – Graças a Deus que és tu!
    Nada mais pôde dizer, pois os lábios dele uniram-se aos seus.

  • Bem gostaria de ter sabido que o Jacob Hall dava um espetáculo aqui nesta noite – disse-
    lhe quando a largou. – Teria escolhido um lugar mais tranquilo para nos encontrarmos. A
    estalagem está cheia de damas e fidalgos.

  • Mas ninguém te reconheceu?
    Ele abanou a cabeça.

  • Mantive-me no meu quarto. Achei que seria previdente reservar um e realmente já se

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