Lady Castlemaine, entretanto, observava-a com uma expressão de divertimento triunfante e
ocioso.
- Será cá uma história para contar ao rei... Na verdade, apostaria uma bolsa cheia de anjos
em como ele gostaria de estar presente, se soubesse disto. - Sim – concordou Frances, sorrindo enquanto apertava mais os nós. – Lembro-me de que
este é um género de jogo que a senhora aprecia. Porém, não irá contar-lhe já.
Agarrou no lenço de seda que envolvera a faca e as moedas e, muito depressa, antes que
Barbara conseguisse adivinhar o que ela ia fazer, amordaçou-a.
Um assobio no patamar indicou-lhe que estava na altura de partir. - Não se preocupe com o seu galã, Mister Hall. Dar-lhe-ei instruções para que a deixe aqui
durante uma hora ou duas. – Fez tilintar as moedas na bolsa que Mall lhe dera. – Estes guinéus
devem deixá-lo e aos seus admiradores satisfeitos durante algum tempo. Espero apenas que ele
ainda esteja em forma para se servir das suas habilidades quando vier desamarrá-la. E não
julgue que a ouvirão se bater com os pés no chão, pois lá em baixo os ânimos estão em alta e o
ambiente é muito barulhento. Boa noite, minha senhora... e, espero, adeus.
Fechou a porta e desceu as escadas a correr, à procura do criado, parando apenas quando
encontrou o elegante Jacob Hall, a quem entregou a bolsa de moedas. - Deve deixar a senhora dormir durante algum tempo, para que ela se recomponha e recupere
forças para mais tarde. – Em resposta, ergueu-se um coro de «Sim, senhora!» do grupo ali
reunido. – Ela envia-lhe estes guinéus para que o senhor e os seus amigos possam brindar à
saúde dela tão alto quanto quiserem, pois não a acordará.
Logo um dos galãs que rodeavam Jacob, com a peruca torta e o camiseiro aberto, começou a
bater com os pés no chão: - Um brinde! A Lady Castlemaine. A maior rameira de Londres!
Por um instante, Jacob Hall pareceu prestes a defender a honra da sua amante. Em vez disso,
deu um grande trago na caneca de cerveja e fez uma vénia. - Perdão, senhor. A maior rameira da Cristandade!
E, enquanto todos se riam e pediam mais uma rodada de vinho das Canárias, Frances
finalmente escapou para a carruagem de seis cavalos e para os braços ansiosos e expectantes do
duque de Richmond.
Quando a peça no palácio de Whitehall terminara, metade da assistência dormia a sono solto.
Mall tinha feito Jane La Garde passar para o lugar de Frances para disfarçar a ausência desta e,
até então, ninguém tinha reparado.
O aplauso que saudou a última cena foi genuíno, pois todos ansiavam que o espetáculo
acabasse.
O rei foi quem bateu palmas com mais entusiasmo.
- Mas onde está Mistress Stuart? – perguntou a Mall ao passar por ela.
- Foi deitar-se há meia hora – respondeu Mall descaradamente.
- Ai sim? – Fitou-a com um olhar desconfiado. – Nesse caso, invejo-lhe a sorte. Não foi uma