traseira da moto diminuir cada vez mais, confiante de que a avistaria de
novo em breve. Ele não precisou esperar muito — dois minutos, talvez
menos. Foi então que vislumbrou a moto vindo rapidamente em sua direção.
Dessa vez, em vez de passar ao seu lado, ela contornou um cone e parou.
Gabriel passou a perna por cima do assento e envolveu a cintura estreita
com os braços. Quando a moto partiu, ele inalou o cheiro familiar de
baunilha e acariciou suavemente a parte de baixo de um seio quente e
redondo. Fechou os olhos, em paz pela primeira vez em sete dias.
O flat ficava num prédio feio do pós-guerra na Bayswater Road. Já
tinha servido de esconderijo para o Escritório, mas em King Saul Boulevard
— e no MI5 também, aliás —, o endereço era conhecido como o pied-à-terre
de Gabriel Allon. Ao entrar, ele pendurou a chave no pequeno gancho na
porta da cozinha e abriu a geladeira. Dentro, havia uma caixa de leite fresco,
uma caixa de ovos, um pedaço de queijo parmesão, cogumelos, ervas e uma
garrafa do pinot grigio predileto de Gabriel.
— Quando eu cheguei, a despensa estava vazia — informou Chiara
então comprei algumas coisas naquele mercado da esquina. Estava torcendo
para poder jantar com você.
— Quando você chegou?
— Uma hora depois de você, mais ou menos.
— Como?
— Eu estava na vizinhança.
Gabriel a encarou, sério.
— Que vizinhança?
— Na França — respondeu ela, sem hesitar. — Uma fazenda nos
arredores de Cherbourg, para ser precisa. Quatro quartos, uma cozinha com
espaço para refeições e uma ótima vista para o Canal.
— Você pediu para entrar na equipe de recepção?
— Não foi bem assim.
— Como foi, exatamente?
— Ari pediu.
— E de quem foi a ideia?
— Dele.
— Ah, é mesmo?
— Ele achou que eu era perfeita para o trabalho, e eu não pude
discutir. Afinal, eu meio que faço ideia de como é ser sequestrada e mantida
em cativeiro.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1