A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

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GRAND-FORT-PHILIPPE, FRANÇA


Ela levou menos de um minuto para chegar ao terceiro andar do
hotel.
Nesse intervalo, Gabriel removeu a barricada de móveis, encostou o
ouvido na porta e escutou a batida dos saltos ao longo do corredor sem
carpete. Era uma porta boa, grossa, sólida, o suficiente para amortecer uma
bala, mas não pará-la. A mulher bateu com delicadeza, como se achasse que
havia crianças dormindo ali.
— Você está sozinha? — perguntou Gabriel, falando em francês.
— Sim.
— Está armada?
— Não.
— Você sabe o que vai acontecer se eu encontrar uma arma com
você?
— O acordo será desfeito.
Gabriel abriu a porta alguns centímetros, sem tirar a corrente.
— Passe a mão pelo vão.
A mulher hesitou por um instante, então obedeceu, estendendo a
mão comprida e pálida. Usava um único anel, um círculo de prata com
relevo entrelaçado, e tinha uma pequena tatuagem de sol na pele entre o
polegar e o indicador. Gabriel agarrou o pulso dela e o torceu dolorosamente.
Na parte de baixo, havia cicatrizes antigas de tentativas juvenis de suicídio.
— Se você quiser usar essa mão de novo, vai fazer exatamente o que
eu disser. Entendeu?
— Entendi — respondeu a mulher, arquejando.
— Largue a bolsa no chão e a empurre para cá com o pé.
A mulher seguiu as instruções. Ainda segurando o pulso dela com a
mão esquerda, Gabriel se abaixou e esvaziou a bolsa no chão. O conteúdo era
mais ou menos o que se esperava que uma francesa carregasse, com duas
exceções notáveis: uma lupa de joalheiro e uma lâmpada infravermelha
portátil. Gabriel tirou a corrente da porta e, torcendo o punho da mulher
quase ao ponto de quebrá-lo, puxou-a para dentro. Fechou a porta com o pé
e a empurrou contra a parede. Em seguida, como prometido, revistou-a

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