companhia de petróleo no valor de pelo menos 16 bilhões de dólares.
— Dessa vez não vai custar nada.
— Estou livre às duas da tarde.
— Onde?
— Número 43 — disse Orlov, e desligou.
O endereço fornecido era da mansão de tijolos vermelhos de Orlov
na Cheyne Walk, em Chelsea. Gabriel foi até lá a pé e Keller o acompanhou
a uma distância de 100 metros, certificando-se de que ele não estava sendo
vigiado. A casa alta e estreita era coberta de glicínias. Como a dos vizinhos,
era afastada da rua, protegida por uma cerca de ferro batido. Uma limusine
Bentley blindada estava parada do lado de fora, com um chofer ao volante.
Logo atrás do carro, havia um Range Rover preto ocupado por quatro
membros da equipe de segurança de Orlov. Todos faziam parte do antigo
regimento de Keller: a elite do SAS.
Os guarda-costas observaram Gabriel com óbvia curiosidade
enquanto ele seguia pelo caminho no jardim e tocava a campainha. Surgiu
uma criada em uniforme engomado preto e branco. Após averiguar a
identidade de Gabriel, conduziu-o por uma escadaria larga e elegante até o
escritório de Orlov. A sala era uma réplica exata do escritório pessoal da
rainha no Palácio de Buckingham — exceto por uma TV de plasma
gigantesca que exibia notícias e dados do mercado financeiro ao redor do
mundo. Quando Gabriel entrou, Orlov estava parado diante da tela, como
que em transe. Como de costume, ele vestia um terno italiano preto e uma
gravata de um rosa vivo com um enorme nó Windsor. Seus cabelos grisalhos,
ralos, estavam espetados com gel. Os números se refletiam fracamente em
seus óculos da moda e ele não mexia um músculo, a não ser o do olho
esquerdo, que tremia de nervosismo.
— Quanto você ganhou hoje, Viktor?
— Na verdade — disse Orlov, ainda com os olhos fixos na tela —,
acho que perdi 10 ou 20 milhões.
— Sinto muito.
— Amanhã é um novo dia.
Orlov virou-se e observou Gabriel por um longo momento antes de
estender a mão bem cuidada. Sua pele estava fria e era particularmente
macia, como a mão de uma criança.
— Como sou russo, não me choco com facilidade. Mas devo admitir