A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

— E se o governo for sujo?
— Qual não é? — retrucou Seymour prontamente.
Gabriel não respondeu. Ele não estava no clima para um debate
relativista sobre ética na política.
— E se eu o persuadisse a ir embora e esquecer o assunto? —
perguntou Seymour. — O que você faria?
— Eu atenderia aos seus desejos e voltaria para Jerusalém.
— E faria o quê?
— Parece que Shamron tem planos para mim.
— Algo que você queira me contar?
— Ainda não.
Seymour claramente ficou intrigado, mas deixou passar o assunto por
ora:
— E o que você acharia de mim?
— O que eu acho importa?
— Eu me importo — falou Seymour, sério.
Gabriel extravasou tudo o que estava pensando:
— Acho que você passaria o resto da vida pensando no que o SVR
está fazendo com todo o dinheiro extraído do mar do Norte. E você acabaria
se sentindo culpado por não ter feito nada para impedir.
Seymour permaneceu em silêncio.
— Nós temos um ditado em nosso serviço, Graham. Para nós, uma
carreira sem escândalos não é uma carreira de verdade.
— Nós somos britânicos: não temos ditados e não gostamos de
escândalos. Na verdade, vivemos com medo até do menor passo em falso.
— Para isso você tem a mim.
Seymour encarou Gabriel com seriedade por um instante.
— O que você está sugerindo exatamente?
— Deixe que eu vá à guerra contra a Volgatek em seu lugar. Eu
acharei a prova de que eles roubaram seu petróleo.
— E depois?
— Eu o roubarei de volta.
Gabriel e Seymour passaram a meia hora seguinte considerando com
cuidado os detalhes do que talvez fosse o acordo operacional menos
ortodoxo já feito por dois serviços ocasionalmente aliados. Mais tarde, ele
ficaria conhecido como o acordo da Parliament Hill. Gabriel teria licença
para operar em solo britânico como fosse necessário, desde que sem violência

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