— Quem vai falar com Uzi?
— Duvido que ele vá me atender.
E, assim, o primeiro-ministro israelense, agindo sob o comando de Ari
Shamron, ligou para o diretor do serviço de inteligência no exterior e
ordenou que ele aprovasse uma operação da qual o subordinado não queria
nem ouvir falar. Mais tarde, testemunhas afirmariam que houve bate-boca
e, segundo boatos, Navot ameaçou renunciar ao cargo. Mas eram apenas
boatos mesmo, pois Navot amava ser diretor quase tanto quanto Shamron
havia amado um dia.
Como prenúncio do que estava por vir, Navot se recusou a ligar para
Gabriel a fim de conceder sua bênção, deixando essa tarefa para um
modesto oficial administrativo. Allon recebeu a autorização oficial de
operação pouco depois da meia-noite, no horário de Londres, por um
telefonema que durou menos de dez segundos. Depois de desligar, ele saiu
da embaixada com Keller e partiu pelas ruas londrinas vazias em direção ao
Grand Hotel Berkshire.
— E quanto a mim? — perguntou Keller. — Devo ficar aqui ou
embarcar no próximo voo para a Córsega?
— Você decide.
— Acho que vou ficar.
— Não vai se arrepender.
— Eu não falo hebraico.
— Isso é bom.
— Por quê?
— Porque poderemos tirar sarro de você e você jamais saberá.
— Como vocês vão me usar?
— Você fala francês como um nativo, tem diversos passaportes
limpos e é muito bom com armas. Tenho certeza de que pensaremos em algo.
— Posso dar um conselho?
— Só um.
— Você vai precisar de um russo.
— Não se preocupe — disse Gabriel. — Eu já tenho um.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1